quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Voto nulo


Alexandre Schwartsman, economista, consultor, ex-diretor do Banco Central (2003-2006), doutor pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, publicou hoje na Folha de S.Paulo (24 out 2018) o artigo Por que votarei nulo, de uma clareza e honestidade impressionantes. Como também votarei nulo, passo a destacar algumas das ideias apresentadas por Schwartzman.
Afirma ele: “Defendo a democracia liberal, caracterizada pelo respeito às liberdades individuais, entre elas a liberdade de expressão, a conquista do poder pelo voto popular e a possibilidade real de alternância de poder. ...Do ponto de vista econômico, sou adepto do livre mercado e favorável à existência de alguma rede de proteção social, bem como de políticas que facilitem o acesso à educação.”
A partir dessas premissas, ele votará nulo no segundo turno.
Acredita que, no caso de Fernando Haddad , propostas dele “nos levariam a um desastre como o vivido recentemente em razão da Nova Matriz Econômica, cuja responsabilidade, é claro, é de Dilma Rousseff e do PT.”
No caso de Jair Bolsonaro, o programa econômico “é para lá de vago”; “Elogios à ditadura militar, louvor a um conhecido torturador e outras manifestações do mesmo calibre tornam impossível, para mim, votar em Bolsonaro. Simplesmente não cabem no meu credo, mesmo que fosse possível acreditar em sua conversão ao liberalismo econômico e à austeridade fiscal.”
Quanto a Fernando Haddad, que Schwartzman considera um amigo e uma pessoa de bem, representa “forças políticas cujo compromisso com a democracia me convence ainda menos que o liberalismo econômico de Bolsonaro. ... Aqui me refiro tanto a propostas concretas (“adormecidas” no segundo turno) — na linha da convocação de uma constituinte e manobras pouco disfarçadas de controle da mídia — como ao histórico do PT, inclusive sua recusa descarada em aceitar decisões do Judiciário. ...Sua autocrítica não vai além do lamento de não terem conseguido controlar instituições como o Ministério Público, a Polícia Federal e as Forças Armadas, além, é claro, de “democratizar a mídia”.
O articulista faz ainda uma afirmação corajosa, ao lembrar que "o 'guerreiro do povo brasileiro', o condenado José Dirceu, recentemente proclamou que o partido pretendia “tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição".
E Schwartzman conclui: “Só me sobra, portanto, anular o voto e torcer para que na próxima eleição apareçam candidatos com posicionamentos mais próximos aos meus, de preferência com reais chances de serem eleitos.”
            Eu gostaria de ter lucidez e inteligência para expor minhas ideias com tamanha clareza e propriedade. Não o tenho; uso então das palavras do economista ilustre, para dizer que penso exatamente como ele, e como ele anularei meu voto.
 


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