terça-feira, 28 de agosto de 2018

Por que proteger os padres pedófilos?


Pela quarta vez este blog volta ao tema dos abusos sexuais cometidos por padres, desde o escândalo da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Agora, trago a opinião de peso de umHélio Schwartsman, na crônica de hoje (28.ago.2018) para a Folha: Pedofilia assombra o Vaticano – Igreja protege padres mesmo quando eles agem em desacordo com os valores apregoados.
Schwartsman, como bom filósofo, faz logo duas boas perguntas: “por que parece haver tantos casos de pedofilia envolvendo clérigos católicos e por que a igreja os protegeu em vez de denunciá-los?” 
Ele mesmo responde: “A rigor, não sabemos se padres cometem mesmo mais abusos sexuais do que a população masculina em geral. Parece razoável, porém, afirmar que o celibato exigido dos sacerdotes é uma idiossincrasia católica que merece exame. O veto ao casamento constitui uma espécie de fachada perfeita para pedófilos, já que legitima e confere elevado status social à vida de solteiro e ainda proporciona a oportunidade de interagir com jovens numa posição de poder. Não por acaso, outras atividades que atraem pedófilos incluem as de professor, pediatra, técnico esportivo, chefe de escoteiros.”
 Pedofilia é doença, e a Igreja pouco pode fazer sobre isso. Porém, os repetidos esforços para acobertar os abusos, isso é inadmissível e é a razão da indignação deste blogueiro. Pedofilia também é crime, o que exige algum tipo de punição.
A conclusão de Schwartsman é clara e ao mesmo tempo preocupante. “O problema aqui é que a igreja, a exemplo de outras organizações complexas voltadas a propagar uma ideologia, investe tanto na formação dos padres, os vetores encarregados de transmitir os memes religiosos e zelar por sua pureza, que eles se tornam mais valiosos que os fiéis. [O grifo é meu.] Mesmo quando estão agindo em desacordo com os valores apregoados, a instituição os protege.”
Não seria este o momento adequado para que toda a sociedade, independentemente da religião, discutisse abertamente o problema dos abusos sexuais, na tentativa de, se não aboli-los, ao menos reduzir sua incidência, protegendo nossas crianças?




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