Existem limites para a arte?,
pergunta Hélio Schwartsman. Bacharel em filosofia, antes de tudo ele sabe fazer
boas perguntas.
Schwartsman responde: “Eles não
existem. Tratando-se de uma obra de ficção, o autor pode inventar o que bem
entender. No reino da imaginação, o Código Penal não vigora. Personagens
fictícios são livres para insultar, caluniar, prevaricar, assassinar e até
estuprar e estripar criancinhas. Nem às leis da física eles precisam obedecer,
se o autor não quiser. Esse é um ponto básico e inegociável da democracia.”
Em seguida o articulista defende o
ponto de vista do diretor José Padilha,
sobre “O Mecanismo”,
de que se trata de pura ficção.
Polarizado como se encontra o
país, haverá quem diga Não vi e não gostei. Haverá quem considere a série uma
Obra prima! Talvez alguns poucos dirão Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. (Eu
estou vendo, e ao término posso escrever sobre isso.)
Em uma democracia há espaço para
todos os gostos, e todos têm o direito de expressar a própria opinião.
O fecho da coluna de Schartsman
para a Folha de S. Paulo (28 mar 2018) traz um belo ensinamento: “Vale lembrar
que a democracia não tem o condão de eliminar o conflito entre diferentes
tendências políticas que existem em qualquer sociedade. Ela apenas procura
discipliná-lo, de modo que a disputa pelo poder se resolva por vias não
violentas. Tem funcionado.”
Eis o limite: nada de violência, o que evidentemente vale para atos e palavras.
Nunca radicalizar, ouvir tudo, admitir tudo. Aceitar, de si para si, o que lhe aprouver.
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