Inspirado em Gabriel Garcia
Marques, ouso dizer que o mundo está dividido entre os que adoram futebol e
aqueles que o odeiam. Para alegria dos fãs e tristeza dos que torcem o nariz
para o esporte, a Copa da Rússia começou. Começou ontem, com o amistoso entre
Brasil e Rússia, no estádio onde os jogos serão abertos e encerrados.
(Certa vez ouvi de um inglês pernóstico – perdoem-me o
pleonasmo – que futebol é jogo da plebe, que jogo mesmo é o golfe. Não é esta a
opinião da metade da população do planeta, que espera ansiosamente pelo início
de mais uma Copa do Mundo.)
Que amistoso que nada! Ambos os técnicos afiaram suas armas,
colocaram em campo a melhor tática possível, dispostos a vencer o jogo a
qualquer custo – a verdadeira abertura da Copa. Não havia grandes estrelas em
campo: Neymar no estaleiro, a Rússia com dois craques machucados, indicando que
o jogo poderia ser decidido pela estratégia.
Não deu outra. Os russos colocaram cinco beques em linha,
na entrada da grande área. À frente deles, mais três. Os que restaram, deviam
voltar para ajudar a defesa. Verdadeiro “ferrolho suíço”, para os que se
lembram desta antiga expressão.
O escrete (outra expressão em completo desuso) enfrentou
os russos, corajosamente, com cinco atacantes.
Primeiro tampo: 0 a 0. Jogo duro, a Rússia chegou a
perder um gol feito (interessante expressão: pois se estava feito, como foi
perdido?), o que poderia ter mudado a feição do jogo.
Segundo tempo: 3 a 0. Ninguém joga o tempo todo na defesa
sem cansar e acaba por perder o jogo.
Venceu, pois, a disposição tática. Tite ganhou!
Torço para que isso se repita durante a Copa, enquanto
nosso país se derrete em meio à corrupção desenfreada, incompetência política e
desmandos do judiciário.
Foto: Sergei Karpukhin / Reuters
Foto: Sergei Karpukhin / Reuters
Para o louco, futebol é coisa séria. Para pernósticos, coisa da plebe. Para psicólogos, uma luta pelo poder. Para sociólogos, exercício de conquista grupal. Para o poeta, pura paixão.
ResponderExcluirCada cabeça, uma sentença.