quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Voltando à escrita

Tema de preferência deste blog, a escrita (em particular a escrita terapêutica), é motivo de crônica de Sérgio Rodrigues hoje, para a Folha. Ele cita alguns guias práticos que podem ajudar, com a ressalva de que “nada podem fazer contra a alfabetização precária.”  
E destaca o papel da leitura:

“E saber ler tampouco basta. Quem não deixar o terreno da potência para ler de fato, e muito, também não conseguirá passar de um nível básico de escrita.
... Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: "É de uma pretensão sem tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever".

Muita gente pensa que a escrita não pode ser ensinada, que saber escrever é uma questão de talento, quem tem tem, quem não tem jamais terá. De fato, talento literário é coisa rara mesmo. Também não se trata de correção gramatical e ortográfica, “aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial”, segundo Rodrigues.
Sérgio Rodrigues vai ao ponto central dessa discussão:

“Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.”  (O negrito é meu.)

            Eis a questão: aprender a pensar! Se o sujeito sabe pensar, é bem provável que ele escreva razoavelmente bem, ao menos com clareza. O que tenho dito e repetido é que a escrita ajuda no aprendizado do pensar, ao ordenar ideias, dando sentido à narrativa, quer se trate de um ensaio ou de ficção. Nesse caso, os exercícios de pensar e de escrever se confundem, se superpõem, se complementam. É, como tudo na vida, uma questão de educação.
            Escrita, qualquer que seja, exige edição. O texto precisa ser lido e relido várias vezes, escoimado do supérfluo, das deselegâncias, das obscuridades, e isso dá trabalho. Se aquele que escreve não deseja editar seu próprio texto, melhor nem escrever. Pedir a outrem que o faça também não me parece adequado. (Uma revisão final, acompanhada de algum juízo de valor, esta sim, pode e deve ser praticada.)
            Afinal, reler o próprio texto significa aprofundar o pensamento sobre ele mesmo. Sempre vale a pena.
            Vamos escrever!






2 comentários:

  1. Quando a gente relê o que escreveu, repensa o que pensou. E se o faz várias vezes (como deve acontecer, sempre que se pretende publicar o escrito), repensa várias vezes. Por isso escrever é um bom exercício. Além disso, traz implícito um saudável desejo de estar em comunhão com o outro. No caso, seu eventual leitor.

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  2. Belo texto e um ótimo puxão de orelha.
    Ao me aventurar a escrever fui apenas jogando os pensamentos na tela, relia uma vez, bem sem paciência, e depois publicava. Ainda faço isso, mas com as advertências do Tio Paulo, e suas certeiras negativas em revisar meus textos antes da minha revisão, estão me fazendo, me forçando, a prestar mais a atenção.
    É claro, que só melhorarei se buscar mais conhecimento, então, meta de leitura estabelecida para 2018!
    Quando relemos nossos textos, melhoramos e melhoramos.
    Ler o Loucos é também uma aula para mim de como se escrever!

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