Meu Michel, de Amós Oz (Companhia
das Letras, 2002), é um livro intimista. Hana Gonen, a protagonista nascida em
Jerusalém, esclarece logo nas primeiras linhas: “Sou uma mulher casada, de 30
anos. Meu marido é o dr. Michel Gonen, geólogo, um homem tranquilo. Eu o amava.
... Nosso encontro foi assim:
...”
E então
desenrola-se a história de uma mulher angustiada, frágil, que deseja amar mas
parece dizer que isso é impossível em tais circunstâncias, no país em que vive,
com o marido que tem, com a profissão de ambos, com a penúria financeira
reinante. Daí a expressão “eu o amava”.
Ela apela para o devaneio, relata
sonhos mirabolantes, parece que alucina, sua saúde mental sempre por um fio.
(Se procurasse um psiquiatra hoje, sairia da consulta com pelo menos três
antidepressivos.)
Interessante notar que a
descrição do filho pequeno do casal permanece incompleta, algumas vezes o
garoto parece inteligente e vivo, outras vezes insensível e bruto, como se o
autor reservasse o personagem para um outro romance.
O que importa mesmo é a linguagem
elegante de Amós Oz, riquíssima ao descrever os sentimentos mais delicados da
relação entre marido e mulher, vivendo num país em permanente estado de tensão.
Vale a pena aprofundar-se na obra
de Amós Oz. Cada livro acrescenta um universo de conhecimento.
Grande Amós Oz! Este livre está na minha lista.
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