A
crônica de Luis Fernando
Verissimo para O Estado de S. Paulo de 21 Setembro 2017, intitulada Decadentes – O neonazismo brasileiro não é nem original,
merece especial destaque nesse blog, e parte dela é integralmente transcrita,
para deleite daqueles apaixonados pela palavra, seja oral seja escrita.
“A primeira referência, em grego, à prática de escrever, portanto
provavelmente a primeira na literatura ocidental, está no livro 6 da Ilíada,
e não é boa. Alguém é encarregado de levar “sinais mortíferos”, a inscrição
numa lousa, a outro alguém. No tempo da Ilíada, histórias eram transmitidas
oralmente, não havia um texto atribuível com certeza a Homero ou sequer certeza
de que existia um Homero. Para o público da época, a escrita era algo remoto e
misterioso, e as marcas cunhadas em pedra ou argila, como descritas na Ilíada,
um código esotérico e certamente sinistro. As marcas aprisionavam e
imobilizavam as palavras, levavam-nas para outro domínio e lhes davam outro
poder, diferente do poder comum e do sortilégio compartilhado, da palavra dita.
Por isso, a escrita estreou na literatura caracterizada como mortífera.”
Verissimo reafirma que “é
a palavra escrita que dá permanência à linguagem”. E diz que o leitor ideal é
você, lendo para você mesmo.
Há quem goste de ouvir
poesia declamada pelo próprio autor (temos entre nós, por exemplo, gravações de
Carlos Drummond de Andrade, com aquela vozinha pequena dele), ou por
profissionais, geralmente atores de teatro.
Há quem tenha preferência
por ouvir a própria voz interior, ao ler um poema em silêncio. Pertenço a este
último grupo.
De qualquer modo, viva a
palavra!
No começo era o Verbo...
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