Em sua coluna de hoje (30/09/2017) para a
Folha de S.Paulo, Por uma escola sem Deus,
Helio Schwartsman não deixa por menos: “O Supremo Tribunal Federal cometeu um
pequeno crime contra a garotada ao autorizar o
ensino religioso de caráter confessional nas escolas públicas
brasileiras.”
Schwartsman propõe a substituição do
ensino confessional por uma “abordagem histórico-antropológica”, perfeitamente
compatível com o princípio do Estado laico.
Afirma ainda que as religiões “desenvolveram
uma complexa rede de captura de fiéis que inclui pregadores individuais,
propaganda boca a boca, canais de rádio e TV, cursos de catecismo, escolas
dominicais etc.” Não é por falta de propaganda que elas não haverão de
florescer, aqui e em outros países.
Conclui o articulista: “ao permitir que
igrejas se apropriem de vagas de professor e de horas de aula, o STF perpetrou
um delito de lesa-pedagogia.”
O que o artigo não fala, e não tenho visto
a abordagem que agora explicito, é sobre o papel reservado à família no que diz
respeito ao ensino religioso. Por que não reservar à família esta missão?
Está
compreendida aqui a ideia da opção desta mesma família de não oferecer aos
filhos qualquer ensino religioso. (Foi o que fiz e não me arrependo por isso.)
Da mesma maneira, os princípios éticos
vigentes em nossa sociedade são transmitidos aos filhos quase que desde o nascimento,
papel inalienável dos pais perante seus filhos.
Para que transferir esta
responsabilidade à escola?
Além do que não se pode ter a certeza
do que, de fato, será ensinado. As convicções íntimas do professor nunca serão
conhecidas. Me assusta a ideia de entregar um filho para alguém que não
conheço, para tratar de assuntos tão complexos quanto delicados.
Aliás, a primeira página do mesmo jornal traz hoje a seguinte notícia: "Quase metade dos diretores das escolas públicas do país foram escolhidos por indicação, em geral políticos, sem critérios objetivos. Eles tendem a ter pior formação e menos experiência do que os selecionados por concurso ou eleição". Não é mesmo preocupante?
O Supremo pisou na bola.