sábado, 15 de abril de 2017

Questão de interpretação


Em seu espaço no Estadão, Falando de Música, Leandro Oliveira publica cônica com o sugestivo título  – “Patricia Kopatchinskaja ataca novamente; ou, as vicissitudes da crítica” (13/4/2017).
Antes de mais nada, ele pede que os leitores “Ouçam e vejam atentamente esta performance.” E pergunta: “É boa ou não?”
E Leandro completa: “Essa performance foi recebida por alguns como a de um clown; para outros, a de um gênio.”
Só posso utilizar-me de meus parcos conhecimentos sobre música erudita para arriscar qualquer comentário neste blog. O dilema reside entre escolher interpretações fieis à partitura ou aquelas em que o intérprete acrescenta algo de seu; se ele exagera, a ponto de distorcer a composição original, então é passível de crítica.
Em meu ponto de vista, estamos diante de um gênio!
Patricia Kopatchinskaja nasceu num pequeno país chamado República da Moldávia (que já foi parte da União Soviética e faz fronteira com a Ucrânia e com a Romênia) em 1977, e sua atuação musical lembra muitas vezes as suas origens. A música folclórica de sua terra natal lembra as músicas romena e húngara.
Leandro, grande conhecedor da música erudita, compositor, regente, professor, afirma:

“O ouvido da crítica se organiza entre duas verdades: a do “texto” e a da “performance”. São estas, fundamentalmente, as variáveis em jogo na avaliação de uma apresentação ao vivo de música clássica. O texto responde, com muitas contradições internas e referências abertas, ao que podemos supor ser a intenção do autor; a performance, por sua vez, responde à parte não desprezível mas absolutamente única que é a personalidade do músico executante (que, na música clássica, é também um intérprete). As duas verdades que dividem os ouvidos críticos são, portanto: a fidelidade ao texto – portador da Mensagem, com “M” maiúsculo – e a espontaneidade do intérprete; é entre a sinceridade e a autenticidade que pendem nossos corações românticos, e as mentes da crítica se esforçam para balancear essa equação.”

Leandro propõe ainda ao  leitor que ouça outra performance de Patricia Kopatchinskaja, além de Anne Sophie Mutter e Maxim Vengerov.
Como gosto de afirmar, reafirmar, repetir ad nausean, tudo na vida é questão de educação. É isso que propõe Leandro Oliveira em suas crônicas Falando de Música.



Foto: Telegraph

Um comentário:

  1. Que presente o louco nos deu! Maravilha! Que ótima experiência é comparar interpretações musicais!
    Na minha santa deseducação, não chego a entender a dúvida. Para mim a Patrícia da Moldávia e dos pés descalços só pode ser um supergênio. Parece um Lang Lang do violino...
    Mas, ainda na minha santa deseducação, a última interpretação, do Vengerov de olhos fechados, é a melhor de todas.

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