Jogadores da Ponte abraçam o goleiro!
Houve um tempo em que se dizia, Disputa
por pênaltis é loteria! Esse tempo já passou, futebol é coisa séria.
Dizia-se que pênalti é coisa tão séria
que devia ser batido pelo presidente do clube. Mesmo assim, antigamente jogador
de futebol não treinava batida de pênaltis. Parecia que fazer o gol diante de
um pobre desvalido goleiro era coisa óbvia, certa, sólida, taxativa,
determinada, inequívoca, imperativa, peremptória, natural, assente, fatal. Era
chutar e pronto: bola na rede.
Às vezes o batedor falhava, bola na
trave, bola fora, defesa do goleiro, este imediatamente posto em pedestal de
herói da pátria, abraçado e beijado pelos companheiros, ovacionado pela
torcida. Mas isso era uma exceção, a regra era bola na rede, obrigação do
batedor.
Os tempos agora são outros porque
existe uma nova personagem em ação, o
treinador de goleiros! Este sujeito anda sempre com um laptop na mão, tem
registrado o modo como cada jogador de todos os times bate o pênalti, em que
canto, com que força, com a perna direita, com a esquerda, as variações que
costuma empregar, se está com dor de garganta, se brigou com a mulher na
véspera do jogo, se teve uma imprevista caganeira ou sonhos maus, tudo
registrado no laptop do treinador de goleiros, as ocorrências de todos os
batedores de pênaltis do mundo inteiro! Num laptop cabe tudo.
Do mesmo modo, o batedor fica sabendo
das manhas de cada goleiro, para que lado ele costuma pular, se fica parado no
meio do gol, de dá dois passos adiante antes da batida, se está com dor de
garganta, etc (não vou repetir a sequência para não ofender os mais delicados).
Em resumo, bater pênalti virou CIÊNCIA.
Pois ontem o Santos ganhou da Ponte
Preta no Pacaembu, Campeonato Paulista, por 1 a 0, e com isso os times foram
para a disputa de pênaltis, já que no primeiro jogo a Ponte havia ganho pelo
mesmo placar. Tratava-se da classificação para as semifinais, jogo
importantíssimo.
Logo no segundo pênalti, o goleiro
Aranha, da Ponte, defendeu, bola muito mal chutada por um beque casca-grossa,
um defensor, homem acostumado à força e não ao jeito, chutou fraco, o goleiro
pulou no canto certo, orientado pelo treinador
de goleiros.
Já a Ponte Preta bateu os 5 pênaltis no
canto, no alto, com força, onde nenhum goleiro do mundo poderia alcançar. O
responsável pela façanha? O treinador de
batidas de pênalti, outra personagem do futebol atual! (O beque do Santos
foi mal orientado: zagueiro quando bate pênalti, enche o pé no meio do gol.)
Importante alertar que este indefensável pênalti, batido no canto, no alto e com força, é ao mesmo tempo a batida com maior risco de erro, quando a bola passa por cima da trave. É preciso saber bater, ou a bola vai parar na arquibancada!
Importante alertar que este indefensável pênalti, batido no canto, no alto e com força, é ao mesmo tempo a batida com maior risco de erro, quando a bola passa por cima da trave. É preciso saber bater, ou a bola vai parar na arquibancada!
Classificou-se a Ponte Preta, cientificamente.
Foto: Gazeta Press
Não por acaso se chama, no jargão especializado, com ares de ciência jurídica, "penalidade máxima". Só faltava nome em latim: "maxima culpa".
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