A Folha traz hoje curiosa
reportagem publicada por Fernando Tadeu Moraes, com o título “Filósofo Albert Camus escreveu sobre o samba após
visita ao Brasil em 1949”.
Ao visitar o Brasil naquele ano, como embaixador
cultural da França, Albert Camus conheceu o samba, fazendo registros
interessantes em seu diário de viagem:
"Depois do jantar, Kaïmi [Dorival
Caymmi], um negro que compõe e escreve todos os sambas que o país canta, vem
cantar com o seu violão. São as canções mais tristes e mais comoventes. O mar e
o amor, a saudade da Bahia. Pouco a pouco, todos cantam e vê-se um negro, um
deputado, um professor da Faculdade e um tabelião cantarem esses sambas em
coro, com uma graça muito natural. Totalmente seduzido".
Visitou ainda uma gafieira carioca, levado
pelo escritor Abdias do Nascimento:
"Noitada decepcionante", "penso
no clima". "Danço um samba mole, bato os flancos para despertar em
mim apetites, e me dou conta, de repente, de que me entedio. Táxi. E volto para
casa."
E
o filósofo conclui:
"País em que as
estações se confundem umas com as outras; onde a vegetação inextrincável
torna-se disforme; onde os sangues misturam-se a tal ponto que a alma perdeu
seus limites. (...) é o país da indiferença e da exaltação. Não adianta o
arranha-céu, ele ainda não conseguiu vencer o espírito da floresta, a imensidão,
a melancolia. São os sambas, os verdadeiros, que exprimem melhor o que quero
dizer".
Alguns aspectos destas
últimas afirmações talvez permaneçam verdadeiras até hoje.
Cada um vê com as lentes de que dispõe. Ou: "Cada cabeça, uma sentença."
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