Em post recente, este
blog tratou daquilo que agora convencionou-se chamar de iatrogenia da palavra. Ou seja, não são apenas os efeitos colaterais e as interações
medicamentosas que podem causar danos ao paciente; a palavra mal colocada
também pode ser danosa.
(http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2016/07/iatrogenia-da-palavra.html#comment-form )
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Como sempre, os comentários do Dr.
Paulo Sergio Viana ora corrigem, ora acrescentam, àquilo que aqui é publicado,
para honra e alegria do Louco. Dessa vez não foi diferente; eis as observações
dele:
“Assim
como contribui para o tratamento, pode também levar ao desastre. A palavra é
poderosa. Em relação às dificuldades enfrentadas pelos médicos, há que se
lembrar que ele deve se abster também de mentir, ainda que por compaixão. Como
então falar a verdade sem lesar? Tarefa verdadeiramente difícil!”
O dilema
proposto por Dr. Paulo é verdadeiro, real, cotidiano: como dizer a verdade sem
causar dano maior?
Se o
paciente pergunta ao médico sobre a origem e natureza de sua doença, nos dias
atuais não há lugar para a mentira, nem aquela dita piedosa (a não ser em casos
excepcionais, de pacientes muito graves, em idade muitíssimo avançada,
praticamente incapazes de pensar sobre a própria condição física, ou
moribundos). A regra é que a verdade deve ser dita; é direito do paciente
conhecê-la.
Apenas
uma boa relação médico-paciente, onde a confiança mútua está solidamente
estabelecida, permite que se dê uma má notícia, sem que o paciente a receba
como uma agressão.
Se isso não pode ser feito numa
primeira consulta, melhor esperar, conversar um pouco mais com o paciente,
fazê-lo compreender que o médico realmente pode e deseja ajudá-lo.
Diante das difíceis perguntas
formuladas pelo paciente, uma boa técnica é que se responda com outra pergunta.
Por exemplo: Por que o senhor está me perguntando isso? Aos poucos, decifrando
a linguagem simbólica do paciente, o médico ajuda-o que ele mesmo ofereça as
respostas, conhecedor melhor do que ninguém de seu próprio corpo.
Mesmo assim, não se trata de tarefa
fácil, como alerta Dr. Paulo. Requer paciência, empatia, e muito cuidado com as
palavras.
E o assunto não se esgota aqui...
Muito bom acréscimo. Esperamos por "Iatrogenia da palavra 3". Que tal tratar do fato frequente de o médico falar uma coisa e o paciente/familiar entender outra? Recentemente fui chamado para atender uma paciente internada que chorava desesperadamente: seu médico tinha dito que seu problema de saúde era "crônico". Ela entendeu "incurável".
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