terça-feira, 19 de julho de 2016

Terrorismo e psicose

Ao comentar os recentes ataques terroristas em Orlando e Nice, Hélio Schwartsman faz observação interessante: “Em ambos os casos, o perfil dos perpetradores não se encaixa bem no de pessoas que se radicalizam aos poucos nas mesquitas e acabam sendo doutrinadas e treinadas pelas organizações terroristas. Seus motivos para o ataque parecem acima de tudo pessoais – e a conexão religiosa soa mais como pretexto conveniente do que como causa primária.”
O articulista da Folha acrescenta que a socióloga Liah Greenfeld, em artigo para o New York Times, afirma que “casos como os citados, embora possam ser considerados atos de terror, seriam mais bem descritos como ações de indivíduos com sérios transtornos mentais. Lobos solitários tenderiam a ser pessoas com histórico de depressão e desajustes sociais. Teriam fortes ímpetos suicidas. Ideologias violentas, como o islã radical, seriam delírios "prêt-à-porter" que os ajudariam a forjar um sentido para seu desconforto existencial, convertendo o que seria um suicídio clássico em assassinatos em massa.”
            Sob a ótica da Psicanálise, podemos acrescentar a ideia da psicose, como substrato psíquico a explicar o comportamento errático desses indivíduos. Em geral são solitários, de convívio social difícil, embora muitos deles pareçam aos vizinhos pessoas absolutamente normais.
O psicótico não precisa ser o que chamamos vulgarmente de “louco varrido”. No dizer de um psicanalista conhecido meu, há os “esquizofrênicos de ambulatório”, que convivem conosco diariamente e mal percebemos o transtorno mental deles. Por uma razão ou outra –  as ideologias radicais podem constituir um gatilho, porém muitas vezes a origem é endógena –, desenvolvem um surto psicótico. E surto é surto! Daí em diante tudo é possível, qualquer explicação racional há de falhar.
Portanto, difícil prever, difícil controlar.
           




Um comentário:

  1. O medscape publicou matéria com o seguinte título: "Todo terrorista é um psicótico?" O que acha o louco?

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