Hoje, o
grande dia! Dia de festa. Dia de casamento.
Viemos de
longe, viagem cansativa, quase uma aventura, em nome da celebração de uma vida.
Acordo animado. Após o banho revigorante, dirijo-me para
o belo salão do café-da-manhã, localizado numa casa de fazenda muito bem
preservada, decorada com esmero e estilo.
Ao entrar no salão, à direita, uma imagem belíssima.
Grande janela, contendo no parapeito alguns vasos de flores. A begônia vermelha
chama minha atenção, vista na contraluz.
Antes mesmo de sentar-me à mesa para o generoso café,
tomo da máquina fotográfica e dirijo-me à janela. Começo a fotografar, busco o
melhor ângulo, experimento o flash para quebrar a contraluz, quero incorporar na
foto o fundo com árvores frondosas, teremos uma bela foto, penso, e, de
repente, piso em falso, perco o chão...
Despenco
numa escada escura que me passou despercebida, rolo por vários metros, até
perder a consciência. Acordo num leito de hospital, três dias depois da queda, completamente
imobilizado, com inúmeras fraturas, completamente desorientado. Custo a
relembrar o ocorrido, encontro na memória apenas um vaso de flores vermelhas,
mais nada. Pergunto sobre o casamento e sou informado de que, de fato,
aconteceu; fico imaginando em que clima de desolação. Permaneço internado,
semanas após o acidente.
Antes mesmo
de sentar-me à mesa para o generoso café, tomo da máquina fotográfica e
dirijo-me à janela. Começo a fotografar, busco o melhor ângulo, experimento o
flash para quebrar a contraluz, quero incorporar na foto o fundo com árvores
frondosas, teremos uma bela foto, penso, e, de repente, piso em falso, perco o
chão...
Despenco numa escada escura que me passou despercebida,
rolo por vários metros, mas não chego a perder a consciência. Não consigo me
mover, a dor é insuportável. De imediato, percebo o braço esquerdo fraturado, e
ao tentar mover a perna direita, vejo o pé desviado para fora: fratura de
fêmur. Em pouco tempo que me parece a eternidade chega a ambulância. Sou
imobilizado pelos profissionais e levado ao hospital. Para mim, nada de
casamento. Nunca mais soube da minha máquina fotográfica.
Antes mesmo
de sentar-me à mesa para o generoso café, tomo da máquina fotográfica e
dirijo-me à janela. Começo a fotografar, busco o melhor ângulo, experimento o
flash para quebrar a contraluz, quero incorporar na foto o fundo com árvores
frondosas, teremos uma bela foto, penso, e, de repente, piso em falso, perco o
chão...
Despenco
numa escada escura que me passou despercebida, rolo por vários metros, mas não
chego a perder a consciência. O corpo todo dói, mas parece não haver nada de
grave comigo. Levanto-me com ajuda de um garçom, subo a escada com certa
dificuldade, sento-me para o café da manhã. A máquina fotográfica seriamente
danificada.
Antes mesmo
de sentar-me à mesa para o generoso café, tomo da máquina fotográfica e
dirijo-me à janela. Começo a fotografar, busco o melhor ângulo, experimento o
flash para quebrar a contraluz, quero incorporar na foto o fundo com árvores
frondosas, teremos uma bela foto, penso, e, de repente, piso em falso, perco o
chão...
Desço a
escada escura de costas, desajeitadamente, os olhos esbugalhados, na mão direita
a preciosa máquina fotográfica, último modelo, a mão esquerda no ar buscando inutilmente
algo em que me agarrar, desço quatro degraus, de costas, de uma escada escura
que me passou despercebida, mas não chego a cair. Foi só um susto. Tomo o meu
café e me preparo para o grande dia.
Fico
pensando no que poderia ter sido e não foi. A Roda da Fortuna - diria Shakespeare - girou a meu favor
no Grande Dia.
É também a favor dos nubentes...
ResponderExcluirApós aventar-se todas essas possibilidades tão piores que a que ocorreu de fato, fico até feliz com o evento. Acho que entendi o ditado "tudo é relativo".
ResponderExcluirNubentes é boa!!! Só o tio Paulo mesmo....!!!
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