Luiz Ruffato, ao publicar crônica intitulada Sobre estupro, racismo, homofobia, etc em El País
(30/5/2016), foi ao ponto central de nossos problemas. Sua primeira frase diz
tudo:
“Muito
mais que a corrupção, o principal problema do Brasil é a falência completa do
sistema de educação...”
Ao
final do texto, Ruffato pergunta ao leitor: “Você que me acompanhou até aqui
pode estar se perguntando: mas, afinal, o que tem a ver o título com o conteúdo
deste artigo?”
E ele mesmo responde:
“Tem tudo a ver. Um país sem educação – sem pensamento crítico –
acha normal que uma mulher seja
estuprada a cada 11 minutos e que a cada hora e meia uma mulher seja
morta. Um país sem educação – sem pensamento crítico – acha normal não
termos professores negros, políticos negros, médicos negros,
engenheiros negros, escritores negros, jornalistas negros. Um país sem educação
– sem pensamento crítico – acha normal o
homicídio de 381 homossexuais no último ano. Um país sem educação –
sem pensamento crítico – acha normal que tenhamos 150 pessoas assassinadas por
dia. Um país sem educação – sem pensamento crítico – acha normal a morte de
42.000 pessoas por ano em acidentes de trânsito. Um país sem educação – sem
pensamento crítico – acha normal um ministro discutir planos de educação com um
ator pornô, um obscuro empresário e uma promotora aposentada.”
Ruffato
repete repete repete a expressão “sem pensamento crítico” ad nauseam. Somente a educação, no sentido mais amplo da palavra,
pode desenvolver no sujeito, primeiro a capacidade de pensar, depois o
pensamento crítico. O resto é blá blá blá...
Vivemos portanto numa sociedade selvagem. Sem querer ofender os índios, que se calhar vivem em comunidades humanamente mais saudáveis que a nossa.
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