terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O livro mais misterioso do mundo



O livro mais misterioso do mundo”, este o provocante título da reportagem de Borja Hermoso (12/12), Burgos, Espanha, sobre o maior enigma editorial da Idade Média, o chamado Código Voynich.
Trata-se de livro desordenado de 234 páginas, de 22,5 por 16 centímetros, que há 50 anos permanece na Biblioteca Beinecke, Universidade Yale, à espera de que alguém desvende seu mistério. Interroga-se: “Caderno botânico de plantas inexistentes? Tratado cosmológico? Obra de iniciação esotérica? Código élfico? Livro cabalístico? Relato bélico? Catálogo de poções para magia? Solução anticoncepcional para mulheres medievais pecadoras? O diário de um extraterrestre? Estudo sobre a transmutação da pedra filosofal?”
Ou se trata de uma fraude? Diz a reportagem: “Há quem ainda acredite nisso, mas faz tempo que esta hipótese perdeu força. Exatamente desde que, nos anos 40, o linguista norte-americano George Zipf formulou a Lei de Zipf sobre a frequência das palavras utilizadas em um texto. Segundo esse princípio, o vocábulo mais utilizado aparece o dobro de vezes que o segundo mais utilizado, o triplo de vezes que o terceiro, o quádruplo que o quarto, e assim sucessivamente. Os estudiosos confirmaram há tempos que o texto de Voynich segue essa matemática da palavra... e evidentemente ninguém no século XV (data cientificamente comprovada da origem do texto) podia conhecer essa teoria.”
O código foi descoberto há mais de um século, de forma casual, pelo livreiro lituano Wilfrid Wojnicz  em Villa Mondragone — uma mansão perto de Roma que pertenceu à família Borghese. E o mistério permanece: “Não se sabe quem o escreveu, quem o ilustrou, e com que intenção. Não se sabe em que idioma está escrito. Há quem o identifique com o sânscrito, outros preferem aparentá-lo com uma possível língua oriental, talvez indiana, há quem fale do tâmil e até de um experimento de língua universal comparável ao esperanto. Não se sabe se no final das contas é uma linguagem criptografada (nem os maiores especialistas norte-americanos em decodificação de códigos militares foram capazes de solucionar a questão com um mínimo de confiabilidade).”
Em 2011, o teste de Carbono 14 realizado no manuscrito por uma equipe da Universidade do Arizona apontou a data aproximada da criação do Voynich: um dia entre 1404 e 1438.
No mês passado, Stephen Bax, professor da Universidade de Berdfordshire, no Reino Unido, afirmou que “havia decifrado 14 símbolos dos milhares que povoam o livro”.


A editora espanhola Siloé, em Burgos, foi escolhida pela Universidade Yale entre aspirantes de todo o mundo para clonar o manuscrito. E vejam com que cuidado é feito o trabalho: “Cada folha é trabalhada de modo independente, não utilizamos peças e máquinas. Tudo é feito à mão, página por página, para que o livro tenha o mesmo contorno envelhecido que o original. E depois é preciso levar em conta que estamos diante de uma matéria viva que permaneceu praticamente inerte durante 600 anos, e passando por diferentes fases climatológicas e de conservação, que deve ter estado em lugares com umidade, em lugares secos, que lhe lançaram mais luz ou menos luz. Livros como esse costumam ter uma desidratação em maior ou menor grau, e tudo isso lhe deu em algumas partes um aspecto de queimado... e quando você vira as páginas há como um crepitar, uma espécie de semiestalido, e tudo isso tem de ser conseguido, e é tecnicamente muito complicado”.
Tem mais: “É um livro feito em vitela, ou seja, em pele de animal não nascido, a pele do feto de um cordeiro ou de um bezerro, o material mais suave e delicado que você pode obter. E o livro, além disso, tem folhas que se abrem, se desdobram, se multiplicam... e isso torna tudo mais complicado tecnicamente”.
Paradoxalmente, o Código Voynich, um livro de 600 anos de idade, por não poder ser lido, pode apenas ser meramente contemplado, “do mesmo modo que uma criança contempla um gibi ou um livro quando ainda não aprendeu a ler.”
Não é espetacular tudo isso?!


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