Este Louco tem comentado com frequência o tema
“educação dos filhos” e as possíveis consequências sobre os estudantes em sala
de aula.
João Pereira Coutinho,
escritor e jornalista português, traz interessante crônica na Folha de S. Paulo
de hoje (22/9), intitulada Como destruir um filho.
Ele inicia relatando o ocorrido em Harvard, quando estudantes de Direito
sentiram-se "desconfortáveis" com a expressão “violar a lei” e pediram
aos professores que a evitassem.
Segundo a revista Atlantic
Monthly, “crescem nos Estados Unidos os casos de "micro-agressões"
– palavras, conceitos, meras alusões que põem em risco o "bem-estar
emocional" dos alunos. E os alunos têm direito a esse
"bem-estar". As universidades devem ser "zonas de conforto"
onde nunca se deve escutar aquilo de que não se gosta.”
Os professores universitários são aconselhados a prevenirem
os alunos, que poderão ouvir palavras ou conceitos “potencialmente ofensivos”.
Por exemplo, em se tratando de Literatura, “o professor deve avisar previamente
a turma que "misoginia" e "abusos físicos" fazem parte da
obra "O Grande Gatsby", de F. Scott Fitzgerald. Caso contrário, uma
alma mais sensível pode desmaiar em plena classe e a carreira do professor
estará terminada.”
O artigo culpa os pais dos universitários de hoje,
que educaram as suas crianças com uma obsessão pela segurança que não existia
em gerações anteriores. Julie Lythcott-Haims, antiga decana da Universidade de
Stanford, afirma:
“Antigamente, os pais preparavam os filhos para a
vida; hoje, os progenitores preferem proteger os filhos da vida – e isso vê-se
nas pequenas coisas e nas grandes coisas.”
Na infância surgem as ameaças dos pedófilos,
sequestradores, marcianos, o que obriga os pais modernos a aprisionarem os
filhos em casa. A primeira consequência é a epidemia de obesidade infantil, causada
pelo sedentarismo.
Depois de proteger os filhos nos primeiros anos, é
preciso continuar a tratá-los como “flores de estufa” até na universidade. E
agora o artigo é enfático, ao explicitar como isso acontece:
“Escolhendo por eles
(cursos, amigos, até tempos livres); pensando por eles (com exércitos de
explicadores para todas as matérias curriculares); e até vivendo por eles (de
preferência, medicando qualquer comportamento "desviante", como a
preguiça saudável ou o excesso de energia).”
Em consequência, a universidade está cheia de alunos
insones, deprimidos, ansiosos, incapazes de tomarem uma decisão por medo
psicótico de fracassarem.
Para Julie Lythcott-Haims, “a educação
"moderna" fez dos "adultos" de hoje seres
"existencialmente impotentes". Porque os pais, na ânsia de tudo
protegerem e controlarem, alimentaram nos filhos uma mentalidade de vítimas:
seres frágeis e amedrontados que simplesmente não sabem como
"funcionar" no mundo que existe fora do aquário.”
A autora lamenta ainda que “os filhos de hoje não
tenham a atitude dos filhos de ontem: uma certa rebelião existencial contra a
autoridade dos progenitores, condição primeira para forjarem uma identidade
independente. E poderem voar com as próprias asas. Elas [as asas] foram
destruídas pelo amor sufocante dos pais durante anos e anos de gaiolas
douradas.”
Entre nós, já é possível identificar problemas
semelhantes, com o aparecimento de uma geração de mimadinhos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLembra a história das águias? De como os filhotes delas aprendem a voar, tendo nascido lá no alto dos penhascos?
ResponderExcluir