sexta-feira, 1 de maio de 2015

Ainda Agualusa



“... no funeral,
foi dos que mais o chorou.
Deus pesa as almas numa balança.
Num dos pratos fica a alma,
no outro as lágrimas dos que a choraram.
Se ninguém a chorou,
a alma desce para o inferno.
Se as lágrimas forem suficientes,
e suficientemente sentidas,
ascende para o céu.
Ludo acreditava nisso.
Ou gostaria de acreditar.
Foi o que disse a Sabalu:
Vão para o Paraíso as pessoas de quem os outros sentem a falta.
O Paraíso é o espaço que ocupamos no coração dos outros.”


Perdoem-me os poucos seguidores do Louco, mas depois de duas postagens tratando de versos e equívocos a respeito de José Eduardo Agualusa, penso que o angolano merece toda consideração sobre seu livro Teoria Geral do Esquecimento (Ed. Foz, 2012). O texto acima, justifica esta minha opinião.
O livro é muito bom, escrito em linguagem poética, e relata a saga dos angolanos em tempos de guerra e penúria.
Ludovica, ou apenas Ludo, a personagem principal do romance, permanece em insólita clausura por 30 anos, enquanto o tempo passa num país em formação. Ao final do livro o leitor compreende a verdadeira motivação deste isolamento. É quando ficção e realidade mais se aproximam.
Vale a pena conferir.


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