quinta-feira, 16 de abril de 2015

Homenagem a Hilda Hilst



A escritora Hilda Hilst (1930-2004) é homenageada no Itaú Cultural, em São Paulo, de 28 de fevereiro a 21 de abril, com destaque para as notas nas agendas, registros de sonhos, desenhos, reflexões – expondo seu método criativo.

"Hilda Hilst foi ficcionista, poeta, dramaturga e cronista. Paixão, desejo, erotismo, morte, busca e o significado de deus são temas que atravessam sua obra, sempre comunicados por meio de um trabalho de linguagem cuidadoso, intensificado por uma entrega irrestrita à literatura – pela certeza de que criava algo único."

Disse Hilda: “Talvez eu tenha escrito com muita complexidade porque a própria vida é complexa… Não há simplicidade nenhuma no ato de existir”.
           
         Faz muito tempo que acompanho a escrita de Hilda Hilst, sempre difícil, impecável na forma. Transcrevo aqui, do livro “Do desejo”, o primeiro poema:

“Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.”

3 comentários:

  1. Que vontade de ir à SP ver!!! Pena que já vai acabar. Mas instiga de ler Hilda!

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  2. Muito interessante a palavra "fodo" na poesia. De repente, do profundo sentimento ao corporal em um instante. Reforça que somos uma coisa só, feitos de vários corpos apenas do ponto de vista didático.

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