Mário Vargas Llosa, na
crônica de hoje (19/4) “O poder da blasfêmia”, em O Estado de S. Paulo, chama
Ayaan Hirsi Ali de “heroína do nosso tempo”.
Hirsi Ali nasceu na
Somália, sofreu mutilação genital na puberdade, recebeu educação estritamente
muçulmana na Arábia Saudita e no Quênia. Quando seus pais forçaram-na a um
casamento arranjado, Hirsi exilou-se na Holanda, onde chegou a ser deputada
pelo Partido Liberal.
Vítima de ameaças terroristas,
mudou-se para os Estados Unidos, onde acaba de publicar “Herectic. Why Islam Needs a Reformation Now” (Herege. Porque o Islã
precisa de uma reforma já.)
Hirsi Ali sustenta que a
violência praticada por organizações como Al-Qaeda e Estado Islâmico tem como
origem a própria religião (diferentemente do que propagam certos governos do
Ocidente, para mostrarem-se politicamente corretos), que por isso necessita de reforma
radical para livrar-se dos aspectos incompatíveis com a contemporaneidade, a
democracia e os direitos humanos.
Segundo a autora, há cinco
conceitos que mantêm o Islã preso ao século VII, e que precisam ser
reinterpretados. São eles:
1) “a crença de que o Corão expressa a palavra imutável de Deus e a
infalibilidade de Maomé;
2) a preferencia que o Islã concede à outra vida sobre esta, aqui e agora;
3) a convicção de que a sharia é um sistema legal que deve governar a vida
espiritual e material da sociedade;
4) a obrigação do muçulmano comum de exigir o justo e proibir o que
considera errado;
5) e a ideia da jihad, ou guerra santa.”
Felizmente, Hirsi afirma que cléricos,
professores, intelectuais, políticos, jornalistas, dentro e fora de países
muçulmanos, já iniciaram tal reforma. Só assim as mulheres adúlteras deixariam
de ser apedrejadas até a morte, os ladrões não teriam as mãos amputadas, os
ímpios não seriam degolados, as mulheres passariam a valer tanto quanto os
homens.
Esperemos pelas mudanças.
Como uma mulher que foi tantas vezes vítima é capaz de tanta força! Pode ser vítima mas não se vitimizou. Ayaan é uma geradora de opinião e de mudanças. Heroína sem dúvida!
ResponderExcluirÉ isso mesmo, Ciça!
ExcluirO tema, penso ser, dos mais relevantes de hoje.
ResponderExcluirO mundo espera intensamente pelas mudanças...
ResponderExcluirComo é possível compreender algo, verdadeiramente, se o mais básico (que é nominá-lo corretamente) não é feito. A grafia do nome do Profeta é Muhammad e o livro sagrado é o Quran. (Al significa o/a/os/as. "O o Corão" é redundante. Jihad é um conceito mal-interpretado. Certa feita o Profeta retornando de uma batalha, disse: "Chego da Grande Jihad, agora vamos à pequena Jihad" esta a luta diária. Viver é lutar
ResponderExcluirMe perdoe as imperfeições, frutos da minha ignorância monumental, e fiquemos com as ideias. Hirsi Ali as conhece na prática, por isso a respeito tanto. Daqui de longe, ficamos todos apenas nos nomes...
ExcluirAinda respeito os nomes e as expressões. Não seria mutilação abusar sexualmente de crianças surdo-mudas (Irlanda)? Não é abuso de poder econômico uma fé que recruta milícias e preside impérios jornalísticos? As Cruzadas o que foram? E a Inquisição? "Deus está do nosso lado" disse Bush ao invadir o Iraq. O Holocausto é privilégio do povo israelita? O que se faz na Palestina ocupada o que é? Um erro não exime de culpa o outro, porém há feridas por toda parte. Há que se colocar o dedo em todas
ExcluirConcordo com todos os pontos ressaltados pelo Aldo, incluindo nomes e expressões. Mas o Louco só pode tratar de um assunto de cada vez, e assim mesmo, precariamente.
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