A ótima reportagem de
Thais Bilenky na Folha de S. Paulo de ontem (22/3) traz aspectos preocupantes
ao retratar a chamada “geração mimada”.
Universidades privadas
adotam cada vez mais práticas que antes eram características do ensino
colegial. São exemplos desse comportamento as reuniões entre pais e professores
depois das primeiras provas, o acompanhamento das notas e da assiduidade pelas
famílias no portal da instituição, e até, pasme o leitor!, reclamações dos pais
diante de eventual reprovação do filho
em alguma disciplina.
Afirma um diretor de
faculdade que, nas entrevistas para obtenção de estágios, os pais acompanham os
filhos até a sala de espera, e à vezes querem participar da entrevista. A
reportagem revela a opinião de determinada mãe que, além de levar a filha
diariamente à faculdade, aproveita a viagem para checar as notas, datas das
provas, etc. É ela, a mãe, quem compra os livros e o material escolar para a
filha.
Segundo a professora
Colello, da Psicologia da USP, os alunos “continuam tratando a universidade
como escolinha”. Na opinião de Álvaro Bufarah, professor da FAAP, “hoje, o
aluno de graduação tem perfil de ensino médio, e o aluno da pós-graduação se
comporta como o da graduação”.
Este modo de agir das
universidades privadas parece ter muito de jogada de marketing: elas superprotegem os alunos para ganhar a confiança dos
pais, aumentando assim o número das matrículas. Na realidade, o que estão
promovendo é a infantilização destes jovens, os chamados “mimados”.
Mas é importante observar
que o problema tem início bem mais cedo do que o ingresso na universidade. Este
“processo de mimar” começa na primeira infância, quando se inicia a
deseducação, quando os pais decidem atender a todo e qualquer desejo dos
filhos. Eles se esquecem ou ignoram que a frustração é um eficiente
desencadeador de aprendizado do processo de pensar.
E por que o fazem? Pelas
mais variadas razões: fazem-no por excesso de amor – amor demais estraga;
fazem-no por sentimento de culpa, e culpa, cada um carrega a sua; fazem-no por
falta de amor, por incapacidade de amar, supondo que suprir bens materiais –
pencas de brinquedos – será capaz de compensar a falta de afeto.
Talvez a tudo isso
possamos dar o nome de mimar.
Há 3 meses este blog publicou
que a tirania das crianças acarretava a arrogância dos jovens. (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2014/12/a-tirania-das-criancas.html)
O resultado agora é outro, quase que oposto: a infantilização dos jovens
universitários e o não desenvolvimento da autonomia no momento adequado. Pobres
moços.
Na edição de domingo d'O Estado há uma foto impressionante. Trata-se da fachada de um prédio na India no interior do qual centenas de estudantes prestavam vestibular. Havia diversas pessoas debruçadas na janela, sobre o parapeito, do lado de fora.. Eram pais dos adolescentes passando "cola" para os filhos. É global?
ResponderExcluirParece, Aldo! Só que na Índia há fatores financeiros envolvidos, pelo menos nessa tal prova, em que os filhos precisam passar.
ExcluirPatético!
ResponderExcluirAdjetivação melhor não há!
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