quarta-feira, 25 de março de 2015

A Sonata n. 32 de Beethoven

A música do dia.


          A Sonata para piano No. 32, em dó menor, Op. 111, de Beethoven, composta entre 1820 e 1822, não foi reconhecida por seus contemporâneos, pela dificuldade técnica que apresentava e pelas ousadias rítmicas. Somente a partir da segunda metade do séc. XIX ela entrou para o repertório dos grandes pianistas. Hoje é considerada obra prima de destaque, entre tantas outras de Beethoven.


Esta sonata foi a última a ser composta para piano, seguindo-se obras importantes como os últimos quartetos, a Nona Sinfonia, as Variações Diabelli, as Bagatelas, a Missa Solemnis, indicando que Beethoven era um compositor em plena atividade quando escreveu o Op. 111, a despeito da surdez progressiva.

Há uma curiosidade literária ligada a esta peça, quando Thomas Mann, em Doutor Fausto, coloca na boca do imaginário professor Kretzschmar a pergunta por que Beethoven não escreveu o terceiro movimento desta sonata. Parece que alguém havia formulado a questão diretamente ao compositor, ao que Beethoven teria respondido, com o mau humor costumeiro: “Não tive tempo de escrever um!”

Não tenho conhecimento de teoria musical para uma avaliação mais profunda da sonata, porém o que me impressiona são as variações rítmicas, com passagens muito delicadas, de simplicidade comovente, seguidas por outras de ritmo desenfreado, sugerindo o jazz , ou mesmo o boogie-woogie, que seria inventado um século depois.
         
        O primeiro movimento, com duração de pouco mais de 9 min apresenta um Maestoso, seguido por um Allegro con brio e appassionato. O segundo movimento, bem mais longo, com 18 min, inicia-se com a famosíssima Arietta: Adagio molto, símplice e cantábile, seguida do L`istesso tempo.
           
        Em minha opinião de leigo, porém louco pela sonata!, não há um terceiro movimento porque, depois que Beethoven compôs o segundo, nada mais poderia ser acrescentado. É a perfeição.
        
        Esta é peça para piano favorita deste blogueiro. Mitsuko Uchida e Arturo Benedetti Michelangeli têm gravações magistrais.


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