segunda-feira, 2 de março de 2015

A deriva continental


Os minguados, porém valorosos seguidores deste blog já perceberam que o autor costuma bater insistentemente em duas teclas: é um evolucionista ferrenho, e grande admirador de Hélio Schwartsman, filósofo e colunista da Folha.     Pois a crônica Jornadas improváveis (01/03/2015) junta a fome com a vontade de comer. (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2015/03/1596546-jornadas-improvaveis.shtml)
            Como sempre, e esta é a função do filósofo, Schwartsman inicia o texto com uma provocação:

“Por que os animais e plantas estão onde estão? Por que há crocodilos em todos os continentes, exceto a Antártida, e o ornitorrinco está restrito à Oceania? Como cada ser vivo foi parar onde está?”

O colunista faz referência ao livro "The Monkey's Voyage", do biogeógrafo americano Alan de Queiroz, que fala de “como animais atravessaram oceanos em jangadas acidentais ou mesmo em icebergs”, o que chamou de “deriva continental”.
Os biólogos, no início do século 20, passaram a admitir a tese de que a maioria das espécies sempre esteve onde hoje está. A separação entre macacos do novo e velho mundo, porém, é mais recente do que a separação ocorrida há 184 milhões de anos, entre a América do Sul e a África.
“Se os macacos não estavam nos dois continentes desde sempre e hoje estão, forçosamente chegaram a um deles singrando mares”, afirma Schwartsman, que assim termina sua crônica:

“Aos poucos, a teoria de que o mundo de hoje foi colonizado através de fortuitas jornadas oceânicas, da qual Queiroz é um entusiasta, vai desbancando a anterior. Ao que parece, elegância e verdade, ao contrário do que os físicos gostam de acreditar, não estão necessariamente correlacionadas. Igualmente interessante, o novo modelo, para horror de físicos e religiosos, reforça o papel do acaso.”

            E ainda tem gente propondo o ensino do Criacionismo nas escolas americanas e brasileiras!

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