Os minguados, porém valorosos seguidores deste blog já
perceberam que o autor costuma bater insistentemente em duas teclas: é um
evolucionista ferrenho, e grande admirador de Hélio Schwartsman, filósofo e
colunista da Folha. Pois a crônica Jornadas
improváveis (01/03/2015) junta a fome
com a vontade de comer. (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2015/03/1596546-jornadas-improvaveis.shtml)
Como
sempre, e esta é a função do filósofo, Schwartsman inicia o texto com uma
provocação:
“Por que os animais e
plantas estão onde estão? Por que há crocodilos em todos os continentes, exceto
a Antártida, e o ornitorrinco está restrito à Oceania? Como cada ser vivo foi
parar onde está?”
O colunista faz referência ao livro "The Monkey's Voyage", do
biogeógrafo americano Alan de Queiroz, que fala de “como animais atravessaram
oceanos em jangadas acidentais ou mesmo em icebergs”, o que chamou de “deriva continental”.
Os biólogos, no início do século 20, passaram a
admitir a tese de que a maioria das espécies sempre esteve onde hoje está. A
separação entre macacos do novo e velho mundo, porém, é mais recente do que a separação
ocorrida há 184 milhões de anos, entre a América do Sul e a África.
“Se os macacos não estavam nos dois continentes desde
sempre e hoje estão, forçosamente chegaram a um deles singrando mares”, afirma
Schwartsman, que assim termina sua crônica:
“Aos poucos, a teoria
de que o mundo de hoje foi colonizado através de fortuitas jornadas oceânicas,
da qual Queiroz é um entusiasta, vai desbancando a anterior. Ao que parece,
elegância e verdade, ao contrário do que os físicos gostam de acreditar, não
estão necessariamente correlacionadas. Igualmente interessante, o novo modelo,
para horror de físicos e religiosos, reforça o papel do acaso.”
E ainda tem gente
propondo o ensino do Criacionismo nas escolas americanas e brasileiras!
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