segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Outono


As agulhas da chuva fina
tecem um lívida mantilha
sob a qual me refugio
das inclemências do espírito.
É outono. As folhas tingem
de sépia as bordas do caminho.
Ando a esmo, absorto e sombrio,
a alma entre os dentes, a vida
por um fio. Onde finda
esse inóspito labirinto,
antes povoado de ninfas
e faunos do sol a pino?
Haverá alguma saída
para o tormento metafísico?
Ou temos que voltar ao início
como há séculos faz Sísifo?

                                    Ivan Junqueira
                                    Essa música (Rocco, 2014)

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