Anel
de vidro (Ouro sobre
azul, 2013), da paulista Ana Luisa Escorel, ganhou o Prêmio São Paulo de
Literatura, considerado o melhor romance do ano. Proprietária da Ouro sobre
azul, Ana Luisa caprichou na edição, ela mesma autora do projeto gráfico e
diagramação: capa dura, com belíssima ilustração a partir de fotografia de
Carlos Moskovics, folhas de guarda de papel especial, cabeceado, miolo de 90
g/m2, com tipos variados, escolhidos a dedo. E, muito corretamente,
não há no livro qualquer referência ao nome do pai da autora, ninguém menos que
Antonio Cândido.
É a primeira vez que uma mulher recebe
este prêmio, o de maior valor financeiro no país (R$ 200mil). Outro fato
interessante é que se trata de autora tardia, que já completou os 70. O que
importa mesmo é que o romance é muito bom, a escrita elegante, moderna sem ser
vulgar.
Em resumo – e não estou aqui a revelar a
história –, dois casais vivem situações de infidelidade e cada personagem
relata a mesma experiência sob a perspectiva pessoal.
Impossível não traçar paralelo com o
magnífico De verdade, do húngaro
Sándor Márai (Companhia das Letras, 2010, com ótima tradução de Paulo Schiller),
onde a mesma trama agora é relatada por três indivíduos, duas mulheres e um
homem que foi casado com ambas.
O romance de Márai, com quase 450
páginas, é bem mais elaborado, tanto na forma quanto no conteúdo, o que de
forma alguma desmerece o livro de Ana Luisa Escorel. Sugiro ao eventual leitor
deste blog a leitura de ambos.
Puxa! Quem dá conta de ler tanto? Cada indicacão de dar água na boca. Melhor parar de viver e só ler...
ResponderExcluirLeia primeiro o Sándor, depois a Ana Luisa.
ResponderExcluir