quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Anel de Vidro e De verdade

                       



Anel de vidro (Ouro sobre azul, 2013), da paulista Ana Luisa Escorel, ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura, considerado o melhor romance do ano. Proprietária da Ouro sobre azul, Ana Luisa caprichou na edição, ela mesma autora do projeto gráfico e diagramação: capa dura, com belíssima ilustração a partir de fotografia de Carlos Moskovics, folhas de guarda de papel especial, cabeceado, miolo de 90 g/m2, com tipos variados, escolhidos a dedo. E, muito corretamente, não há no livro qualquer referência ao nome do pai da autora, ninguém menos que Antonio Cândido.
É a primeira vez que uma mulher recebe este prêmio, o de maior valor financeiro no país (R$ 200mil). Outro fato interessante é que se trata de autora tardia, que já completou os 70. O que importa mesmo é que o romance é muito bom, a escrita elegante, moderna sem ser vulgar.
Em resumo – e não estou aqui a revelar a história –, dois casais vivem situações de infidelidade e cada personagem relata a mesma experiência sob a perspectiva pessoal.
Impossível não traçar paralelo com o magnífico De verdade, do húngaro Sándor Márai (Companhia das Letras, 2010, com ótima tradução de Paulo Schiller), onde a mesma trama agora é relatada por três indivíduos, duas mulheres e um homem que foi casado com ambas.
O romance de Márai, com quase 450 páginas, é bem mais elaborado, tanto na forma quanto no conteúdo, o que de forma alguma desmerece o livro de Ana Luisa Escorel. Sugiro ao eventual leitor deste blog a leitura de ambos.


2 comentários:

  1. Puxa! Quem dá conta de ler tanto? Cada indicacão de dar água na boca. Melhor parar de viver e só ler...

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  2. Leia primeiro o Sándor, depois a Ana Luisa.

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