quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ainda Nelson Freire




Ainda em comemoração dos 70 anos de Nelson Freire, a gravadora Decca acaba de editar álbum duplo intitulado Radio days – The concerto broadcasts 1968-1979.
No primeiro CD , Chopin (Concerto para piano no 1), Schumann (Introdução e alegro, Concerto op. 134) e Tchaikovsky (Concerto para piano no 1).
No segundo CD, Prokofiev (Concerto para piano no1), Liszt (Concerto para piano no 2) e Rachmaninov (Concerto para piano no 2).
As gravações originais, agora remasterizadas e de ótima qualidade, foram encontradas em rádios da França, Alemanha e Holanda.
Vale a pena conferir.

No deserto

Médico brasileiro residente em Dubai recebe atraente proposta de trabalho em São Paulo. Recusou. – Moro no deserto, mas aqui não falta água.

Em coautoria com o amigo
Aldo Pereira Neto.

A evolução das espécies

A foto do dia.


Fragmento de crânio de 55 mil anos descoberto nesta caverna em Israel indica local onde humanos e Neandertais misturaram-se pela primeira vez.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O momento de pensar


Há pouco mais de uma semana o filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek, 65, publicou na Folha a crônica Liberalismo falha em proteger seus valores, sobre os recentes acontecimentos na França e suas implicações políticas. (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/01/1575750-liberalismo-falha-em-proteger-seus-valores-comenta-zizek.shtml)
            Despertou-me logo a atenção o primeiro parágrafo do texto, riquíssimo em conteúdo – mesmo que não concordemos com ele –, e apenas sobre ele teço aqui meus comentários, o que poderá ser considerado um grande atrevimento meu. Eis o texto:

Agora, quando estamos todos em estado de choque após a orgia de mortes na redação do "Charlie Hebdo", é o momento certo para criarmos coragem para pensar. Agora, e não mais tarde, quando as coisas se acalmarem, como procuram nos convencer os proponentes da sabedoria barata: o difícil é justamente combinar o calor do momento com o ato de pensar. Pensar na calma e frieza do dia seguinte não gera uma verdade mais equilibrada; em vez disso, normaliza a situação, permitindo que evitemos enxergar o fio cortante da verdade.”

            A capacidade de Zizek despertar polêmicas é bem conhecida e parece que ele usa tal característica como uma missão, para a qual é preciso ter muita coragem. Em tudo que ele toca, vira discussão. O que é muito bom, em meu ponto de vista, no mundo certinho e politicamente correto em que vivemos.
            Porém, talvez ele tenha exagerado na introdução de suas ideias sobre os atentados terroristas na França. Talvez... melhor pensar um pouco mais...
            Pensar no calor da emoção, e não mais tarde, “quando as coisas se acalmarem”, é o que propõe o filósofo. Entendo que a expressão “quando as coisas se acalmarem”, da forma que foi utilizada por Zizek, diz respeito ao mundo exterior, aos fatos, aos acontecimentos que se sucederão após a tragédia, tanto de um lado como de outro, nesta espécie de Cruzada do século XXI.
            O que desejo considerar aqui é que a expressão “quando as coisas se acalmarem” pode perfeitamente aplicar-se ao mundo interno, quando sentimentos os mais variados como susto, ódio (especialmente o ódio cego do fundamentalismo), amor – por que não? –, consideração pelo semelhante, medo, desejo de vingança, e tantas outras emoções tenham arrefecido, permitindo que o “aparelho de pensar” (Bion) volte a funcionar normalmente.
            Ainda bem que Zizek admite que “o difícil é justamente combinar o calor do momento com o ato de pensar”. Eu diria que não é difícil; é impossível, pela própria natureza humana. Antes de tudo, precisamos reconhecer nossos impulsos mais primitivos, originários de regiões profundas de nosso ser, sobre as quais temos pouca ou nenhuma ingerência. A única arma contra tais impulsos é o pensamento, isso quando ele pode se manifestar. E é preciso tempo para que se possa pensar.
            O polemista filósofo faz questão de levar suas ideias às últimas consequências, e reafirma que “pensar na calma e frieza do dia seguinte não gera uma verdade mais equilibrada”. O que ele propõe, portanto, é “pensar” na agitação e calor do momento da explosão. Digo que isso não é pensar, e sim, soltar a besta fera que carregamos desde o nascimento da humanidade, cuja domesticação vem sendo perseguida tenazmente pelo processo civilizatório.
            Slavoj Zizek adora soltar os cachorros e criar polêmica. Ele é bom nisso, e o admiro por isso. Ele não deseja “normalizar a situação”, afirma em seguida. Normalizar aqui significa acomodar-se, que também é uma forma de não-pensar. Pensar dá muito trabalho. O normal – aquilo que já está pronto – não exige pensamento. É a lei do menor esforço.
Porém, normalizar, acomodar-se, retomar a inércia do cotidiano pode significar também perder a capacidade de indignar-se, uma trágica e frequente manifestação da sociedade contemporânea. Se foi isso que Zizek pretendeu com seu texto – que manifestemos nossa indignação! – então concordo com ele.
            E para terminar o denso parágrafo que dá início à crônica, o filósofo afirma que a tal normalização nos impede de “enxergar o fio cortante da verdade”. No que ele tem toda razão: quando não pensamos, permanecemos distantes da verdade. Este o grande problema do fundamentalismo, seja ele de que natureza for: a ausência de pensamento. Paradoxalmente, Zizek parece atacar o fundamentalismo utilizando-se de seu próprio veneno.
            Por precaução, acrescentei aos meus comentários iniciais que talvez seja melhor pensar mais um pouco. E se Zizek estiver com a razão?
           

Amizade

A foto do dia,
para minha filha Cecília,
louca por gatos.



Todos os dias, quando Gruener vem abrir a jaula da sua amiga, Sirga pula em cima dele e lhe dá um abraço.”

Foto: Daily Mail



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O gênio de Nelson Freire



As comemorações mais do que justas e oportunas pelos 70 anos de Nelson Freire, em outubro de 2014, incluíram o relançamento de gravações efetuadas nos anos 1960, no início da carreira deste que é um dos maiores virtuoses brasileiros de todos os tempos.
A caixa The complete Columbia album collection, produzida por Robert Russ, foi lançada pela Sony Music, com 7 CDs: 6 álbuns (um deles é duplo, gravado em Munique, na Alemanha, em maio de 1968); 5 foram gravados entre 1967 e 1970 e lançados entre 1969 e 1972. O álbum solo Nelson Freire plays Chopin foi gravado em dezembro de 1982, na Alemanha, e lançado em 1983. A masterização foi feita a partir das fitas analógicas originais, obtendo reproduções de ótima qualidade.
Fazem parte da coleção: Concerto no 1, para piano e orquestra de Tchaikovsky; idem, de Schumann e Grieg, todos com a Filarmônica de Munique, maestro Rudolf Kempe; Carnaval, op. 9, de Schumann; 4 Impromptus, op. 90, de Schubert; de Brahms, a sonata no 3, uma rapsódia e um capriccio; 24 prelúdios, op. 28, de Chopin; ainda de Chopin, a sonata no 3; uma sonata de Lizt, em si menor; e 10 peças do álbum Nelson Freire plays Chopin.
Esta magnífica caixa está sendo comercializada por pouco mais de R$ 70, 00! Um grande presente para os amantes da música erudita.