terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Natureza humana


Hélio Schwartsman pergunta, na crônica de hoje na Folha, O que aconteceu?, referindo-se às transformações ocorridas no Partido dos Trabalhadores, desde sua origem nos anos 80 até os famigerados dias de hoje. (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/202118-o-que-aconteceu.shtml)
O articulista detém-se no escandaloso pedido feito pela presidente, no qual ela “propõe ao procurador-geral da República passar-lhe os nomes das pessoas que pretende nomear ministros para que ele diga se estão ou não envolvidas em alguma das delações premiadas relacionadas ao caso Petrobras.”
Quando li esta notícia pela primeira vez, dias atrás, pensei comigo mesmo: é o fim do mundo, não há mesmo solução para o nosso país. Senti vontade de escrever sobre isso, não encontrei ânimo nem palavras. Não soube expressar minha indignação com método, com inteligência, pois a razão foi dominada pela emoção. (Talvez ódio, quem sabe?)
Apenas uma interjeição me ocorria, recorrente, retumbante: puta-que-pariu! Mais nada.
A sensação era de absoluta impotência, ao ver o país desgovernado, com o futuro ameaçado. Os países podem sim perder o rumo, entrar em contínua decadência durante anos a fio, perdidos num mar de incompetência, corrupção, desmandos, burrice, mediocridade, deseducação; temos um exemplo bem próximo a nós, aqui na América do Sul.
Mas alguém precisa manter a cabeça no lugar. E é assim que Hélio Schwartsman termina sua crônica de hoje:

“Ninguém exerce o monopólio da virtude. Embora um homem possa individualmente ser mais honesto do que outro, basta que reunamos um número razoavelmente grande de pessoas e lhes ofereçamos oportunidades um pouco mais tentadoras de tirar vantagens indevidas, para que as diferenças entre grupos maiores tendam a anular-se, retratando aquilo que chamamos de natureza humana.”

            É, portanto, da nossa própria natureza que estamos falando. Sejamos, pois, tolerantes.

2 comentários:

  1. Muito um inteligente o texto. Admiro a forma que você trata os pontos antagonicos, do "pqp ao sejamos tolerantes."
    Cada dia mas fã de seu blog.

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  2. Eis porque o mundo da igualdade, da fraternidade e da justiça permanece tão distante. Seria preciso que o bem comum valesse mais que o individual. Vai demorar.

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