O jornalista e
escritor Pedro
Blank publicou hoje excelente crônica (haverá quem discorde) intitulada Jogadores evangélicos apontam vitória
divina, no Observatório da Imprensa (02/12/2014). (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed827_jogadores_evangelicos_apontam_vitoria_divina)
Pedro destaca o fato ocorrido há pouco mais de uma
semana, quando o Cruzeiro conquistou o tetracampeonato brasileiro em Goiás;
enquanto isso, no Mineirão, uma bandeira gigantesca surgiu nas arquibancadas,
com a inscrição “A Deus toda Glória”.
E Pedro Blank arremata, incomodado com o marketing religioso no futebol:
“Parafraseando uma passagem do evangelho de Mateus: “Dai, pois,
ao futebol o que é do futebol, e a Deus o que é de Deus”. Três dias depois de
levantar o título brasileiro, o Cruzeiro decidiu o título da Copa do Brasil
contra o Atlético-MG, novamente num Mineirão lotado. Perdeu o título e
completou um ano sem vencer o seu maior rival. A bandeira e as camisas com a
inscrição “A Deus toda Glória” não apareceram. Nas entrevistas, Ele também não
foi citado. Nenhum repórter perguntou aos jogadores cruzeirenses por que Deus
entrou em campo com o Atlético.”
Também eu me
incomodo com esta onda de comemorações, quando um gol é marcado, e o artilheiro
levanta as mãos e agradece aos céus. Algumas vezes, os indicadores apontam para
cima, como que responsabilizando diretamente o Altíssimo pela feitura do gol.
Mais explícito, impossível.
Nesse
instante, penso no goleiro que sofreu o gol. Além do infortúnio de ter a meta
vazada (delicioso clichê futebolístico!), ele ainda deve estar pensando que
Deus está contra ele. Todo o time derrotado pode ter o mesmo sentimento
desolador, de quem não merece a proteção divina.
O marketing
religioso se repete quando, ao fazer o gol, o jogador levanta a camisa do clube
e por baixo dela surge outra camisa, com alguma frase de louvação. Com
frequência, ao final do jogo, as camisas dos clubes são retiradas, e surgem
estas outras, agradecendo a Deus pela vitória. Quando há vitória...
Esta mistura de futebol e religião não me parece que
favoreça nem o futebol nem a religião. Não se trata de futebol nas missas de
domingo, e penso que também não, nos diversos cultos evangélicos. Então, por
que levar a religião aos estádios de futebol?
Penso que tais atitudes são movidas pelo fundamentalismo
religioso, que impede aquele que crê pensar razoavelmente sobre o assunto. E se
pensasse um pouquinho, os jogos todos terminariam empatados.
É o caso de se perguntar, também: não era proibido invocar o nome de Deus em vão?
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