Ao longo de
quatro quilômetros de calçada, margeando o cerrado, o caminhante encontra as
mesmas pessoas, diariamente. São dois quilômetros de ida e dois quilômetros de
volta, assim mesmo, escritos por extenso para dar a impressão de que a
distância é maior.
Alguns correm, a maioria anda,
rapidamente ou mais devagar, em função da idade e do estado físico do
caminhante. Predominam os adultos de meia idade e os velhos. Alguns carregam
seus cães.
Não há jovens caminhando pela manhã.
De algum modo, os caminhantes são
todos solidários entre si. (Talvez muitos caminhem por prescrição médica.)
Embora desconhecidos, procuram por um contato rápido, instantâneo que seja,
porém humano.
Quando se cruzam pela primeira vez:
– Bom dia.
– Bom dia.
Na volta, ao cruzarem-se novamente:
– Até amanhã.
– Até amanhã.
É possível que para os mais velhos
este Até amanhã signifique:
– Tudo De Bom Pra Você, Espero Que Continue Vivo...
Absorto em seus
pensamentos, o caminhante pressegue.
Foto: A.Vianna, Brasília, fev. 2014.
A caminhada matutina, aparentemente repetitiva, rende no entanto delicadas imagens e reflexões.
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