terça-feira, 29 de outubro de 2013

o sentido simples das coisas


noite de tempestade, raios, trovoada
árvores perdem alguns
de seus galhos mais frágeis
assustam-se os cães
(como assustavam-se
os homens primitivos)

na manhã seguinte
o ar está limpo
e assim é desde
o princípio dos tempos
(sem que para isso haja
uma razão plausível)

como tudo na vida
                        é porque é...

2 comentários:

  1. Lindo poema! Acho que o Poeta andou visitando o Velho Testamento. Senão, veja, em Eclesiastes:
    "Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
    Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
    Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
    O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
    Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
    Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
    O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.

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  2. 'o sentido simples das coisas'
    Isto recriado no estilo simples da poesia. Mas, simples nada tem de raso. A profundidade se aninha na constatação: "como tudo na vida/ é porque é... Algum dia aprenderemos a ficar só com o essencial?

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