quarta-feira, 30 de abril de 2014

azul



ao final de abril
frias manhãs, céu de maio
azul, muito azul

Foto: A.Vianna, Brasília, abril 2014

Pateo do Collegio, São Paulo

A foto do dia.




Em minha opinião, um dos lugares mais bonitos da Capital. A foto mostra a escultura no pátio interno do Colégio.

Foto: A.Vianna, S. Paulo, abril 2014.

O retrato de Adele Bloch-Bauer I


Gustav Klimt (Baumgarten, Viena, 1862 — Viena, 1918): pintor simbolista austríaco.

O Retrato de Adele Bloch-Bauer I, de Gustav Klimt, foi completada em 1905 e vendida recentemente por 135 milhões de dólares a Ronald Lauder, proprietário da Neue Galerie, em Nova Iorque, em junho de 2006, o que o tornou nesse momento na segunda pintura de maior valor de todo o mundo. A obra é exibida na galeria desde julho de 2006.




Adele Bloch-Bauer II foi pintado em 1912 e obviamente não ganhou a mesma fama do primeiro retrato. 


terça-feira, 29 de abril de 2014

Somos todos humanos


Daniel Alves, lateral-direito do Barcelona, foi vítima de ato racista quando um torcedor jogou-lhe uma banana no momento em que o brasileiro se preparava para cobrar um escanteio. Porém, ele não se fez de vítima e sua reação, até certo ponto surpreendente – comeu a banana! – virou febre na Internet.
            O assunto esquentou ainda mais quando Neymar, seu companheiro de time, apoiado por certa agência de publicidade, lançou a hashtag #somostodosmacacos. Os famosos apressaram-se em aparecer (o que é praticamente um pleonasmo) com a fruta na mão, agora também famosa. (Lembro-me do Guga comendo a sua banana durante os jogos de tênis em Wimbledon e o único comentário que se ouvia era o de que a fruta é rica em potássio. Até hoje ele é imitado por alguns tenistas.)
            Estes dois fatos – a banana comida em campo e o #somostodosmacacos – prestam o inegável serviço de trazer o racismo à baila, o que é sempre bom, na expectativa de que as diferenças raciais sejam cada vez mais compreendidas e aceitas, ao menos entre os homens de boa vontade... Quanto tempo ainda devemos esperar por estes dias?
            Portanto, estou de acordo com o movimento desencadeado pelos fatos citados. Mas não posso concordar com o bordão (tradução mais que livre de hashtag)
somostodosmacacos. Eu não sou macaco! Somos seres humanos, descendentes de linhagens comuns aos primatas, popularmente chamados de macacos. Podemos dizer que eles são nossos irmãos, têm consciência, inteligência e outros atributos comuns aos humanos, incluindo a afetividade – e que merecem todo o nosso respeito e carinho como tantos outros animais, como este ser excepcional chamado cão – mas não podemos olvidar da evolução das espécies (não é mais uma teoria!).
Nós somos humanos.
            Diante deste encadeamento de ideias, proponho que todos os que tuitaram o bordão #somostodosmacacos – e não foram poucos – pensem também a respeito da origem do homem na Terra. Não conheço estatísticas nacionais, mas parece certo que 40% dos americanos creem na teoria criacionista, o que é de causar espanto, para dizer o mínimo. Suspeito que em nosso país a cifra seja superior, o que não é de causar espanto.
Não há vantagem alguma em trocar a Evolução das Espécies, amparada em fatos cientificamente comprovados, por uma teoria sem qualquer evidência científica. A menos que não se queira pensar sobre o assunto. E que mal existe em se pensar sobre o assunto?
Vivas a Daniel Alves e ao #somostodosmacacos, que nos levaram a pensar, o que é fundamental nesta vida.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Caipira picando fumo (1893)



José Ferraz de Almeida Júnior: Itú, 1850 - Piracicaba, 1899.

Precursor da temática regionalista no Brasil.

"Almeida Júnior morreu precocemente, aos 49 anos, em 13 de novembro de 1899. Foi apunhalado em frente ao Hotel Central de Piracicaba, hoje já demolido, por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos."

Este quadro pertence hoje à Pinacoteca do Estado, em São Paulo. 

Ref.: http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_Júnior

Chuveiro de hotel


Álvaro era o tipo do sujeito considerado por todos que o conheciam como politicamente incorreto. Desse a ele uma chance e faria um discurso capaz de escandalizar o mais libertário dos homens. Às vezes Álvaro abusava dessa qualidade e tornava-se inconveniente, antissocial, agressivo mesmo, Tudo em prol da liberdade de pensamento e expressão, dizia ele, certo de que sempre os fins justificavam os meios.
            Preparava-se para uma curta viagem a São Paulo no fim de semana e antegozava aquilo que julgava ser um dos maiores prazeres dessa vida, um banho num bom chuveiro de hotel. Sempre que ia à Capital hospedava-se num hotel 5 estrelas e logo ao chegar, antes mesmo de desfeitas as malas, tomava um banho de chuveiro, com duração de no mínimo 30 minutos, É pra relaxar, dizia ele, a água na temperatura ideal, o jato forte caindo sobre a cabeça, a nuca, o dorso, verdadeira massagem de relaxamento. Isso é o que há de melhor num 5 estrelas, repetia ele.
            Pois daquela vez não seria diferente. Realizado o check-in, Álvaro foi conduzido a uma bela suíte, com cama king size, tv 52 polegadas 3D, decoração impecável. Álvaro só tinha olhos para o banheiro. O box do chuveiro pareceu-lhe perfeito, revestido de mármore de carrara, com aquela ducha enorme, verdadeira cachoeira. Despiu-se e foi ao banho.
            Ajustada a temperatura da água pela abertura milimetricamente dosada das torneiras quente e fria, Álvaro iniciou a tão esperada experiência que rotulava de Terapia pela água! Transcorridos apenas dois ou três minutos do delicioso banho, surgiu-lhe na mente, sabe-se lá de onde, em alto e bom som, sílaba por sílaba, a terrível palavra: CAN-TA-REI-RA!
            E não ficou nisso, para desespero de nosso hóspede 5 estrelas. As imagens sucediam-se:
            – Cantareira 12,9.
            – Cantareira 12,6.
            – Cantareira 12,2.
            – Cantareira 12,1.
            – Cantareira 11,9.
            Álvaro fechou imediatamente as torneiras para recuperar-se do susto e poder pensar. O que é isso, um pesadelo?, perguntou a si mesmo. Como se encontrasse ensaboado, abriu novamente as torneiras, mas a contagem regressiva continuou:
            – Cantareira 11,8.
            Álvaro fechou a água e saiu do banho. Isso é cansaço, tenho trabalhado muito, não tenho dormido bem, pensou. Vestiu-se e saiu para o almoço. Entretido com os negócios, a razão da viagem, voltou no início da noite para o hotel, ansioso por um bom banho de chuveiro.
Repetiu-se a experiência: nem bem havia regulado a temperatura da água, martelou-lhe na cabeça a palavra CANTAREIRA. E pior:
            – Cantareira 11,7.
            Álvaro fechou as torneiras suando frio e com taquicardia. O que é isso, meu Deus? Beliscou-se para ter certeza de que estava acordado. O que está acontecendo comigo? Não estou nem aí pra Cantareira, só desejo tomar o meu banho!
            Porém, a cada nova tentativa de banhar-se, o pesadelo voltava: CANTAREIRA CANTAREIRA CANTAREIRA.
Na manhã seguinte, bem cedo, Álvaro fechou a conta no hotel, antecipou o voo para casa, e à noite recusou-se a ver os jornais pela tv.