A paciente com quem trabalho há anos entra em meu consultório e exclama:
- O que foi que você disse ao rapaz que acaba de sair que o deixou tão
assustado, a ponto dele me dizer Boa sorte lá dentro?
De fato, o rapaz saiu assustado, porém, o que apenas eu e ele podemos
saber é que ele já entrou muito assustado. Ambos ainda desconhecemos as razões
para tal estado de espírito, e é assim que muitos pacientes chegam para iniciar
um trabalho de análise.
A paciente que chegava em seguida atribuiu ao analista a causa do susto,
é dela esta fantasia, mas posso assegurar que qualquer profissional
razoavelmente bem treinado jamais seria tão inábil, tão invasivo, tão afoito em
realizar interpretações precipitadas, para gerar tamanha ansiedade naquele que
inicia uma análise.
O que será que assusta tanto as pessoas, que fantasias trazem dentro de
si que fazem com que o ato de buscar ajuda para um problema de ordem psíquica se
transforme em algo tão aterrorizante? Não é difícil para a maioria das pessoas
procurar um médico por causa de uma dor de barriga, porém quando se trata da
mente, a conversa é bem diferente.
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