segunda-feira, 6 de julho de 2015

Direito de morrer



O tema é dos mais complexos, com implicações éticas, morais, religiosas, a despertar discussões apaixonadas em praticamente todos os países do mundo. Por isso mesmo, precisa ser discutido. Para alguns, a vida tem caráter sagrado, e não pode ser interrompida artificialmente. Para outros, o direito de escolha sobre sua própria vida, e a dignidade com que esta deve ser vivida, oferecem suporte para a morte assistida.
            No último 27/7, a Revista The Economist trouxe longo artigo intitulado The right to die, com o sugestivo subtítulo “Doctors should be allowed to help the suffering and terminally ill to die when they choose”.
            As opiniões expressas no artigo, que não é assinado, fazem parte de uma série de publicações da prestigiosa revista, defendendo o ponto de vista de que, a pedido do paciente, vítima de extremo sofrimento, quase sempre com dor intratável ou condição de vida muito precária, o médico deve proceder à morte assistida. Em outras palavras, há que se preservar a dignidade da vida, enquanto isso é possível.
            Situações difíceis, como por exemplo, quando a solicitação vem de pacientes muito deprimidos, são debatidas. Também merece atenção especial quando o pedido é feito por indivíduos que não são considerados terminais.
            O artigo traz ainda a experiência acumulada em vários países da Europa, Colômbia e cinco estados americanos, onde o processo já está regulamentado.
            Independentemente de minha opinião pessoal – francamente favorável à morte assistida quando solicitada pelo paciente, obedecidas algumas prerrogativas fundamentais – o que desejo destacar aqui é a necessidade do debate sobre o tema.
Mas como realizar isso em nosso país, se o Legislativo é tomado pela chamada bancada religiosa, fundamentalista, e que não coloca em discussão temas bem mais amenos do que este?

            O país precisa manter-se laico para poder abordar temas que, afinal, interessam a todos nós.