O tema é dos mais complexos, com implicações
éticas, morais, religiosas, a despertar discussões apaixonadas em praticamente
todos os países do mundo. Por isso mesmo, precisa ser discutido. Para alguns, a
vida tem caráter sagrado, e não pode ser interrompida artificialmente. Para
outros, o direito de escolha sobre sua própria vida, e a dignidade com que esta
deve ser vivida, oferecem suporte para a morte assistida.
No último 27/7, a Revista The
Economist trouxe longo artigo intitulado The right to die, com o
sugestivo subtítulo “Doctors should be allowed to help the suffering and
terminally ill to die when they choose”.
As opiniões expressas
no artigo, que não é assinado, fazem parte de uma série de publicações da prestigiosa
revista, defendendo o ponto de vista de que, a pedido do paciente, vítima de
extremo sofrimento, quase sempre com dor intratável ou condição de vida muito
precária, o médico deve proceder à morte assistida. Em outras palavras, há que
se preservar a dignidade da vida, enquanto isso é possível.
Situações difíceis,
como por exemplo, quando a solicitação vem de pacientes muito deprimidos, são
debatidas. Também merece atenção especial quando o pedido é feito por
indivíduos que não são considerados terminais.
O artigo traz ainda a
experiência acumulada em vários países da Europa, Colômbia e cinco estados
americanos, onde o processo já está regulamentado.
Independentemente de
minha opinião pessoal – francamente favorável à morte assistida quando solicitada
pelo paciente, obedecidas algumas prerrogativas fundamentais – o que desejo
destacar aqui é a necessidade do debate sobre o tema.
Mas como realizar isso em nosso país, se o
Legislativo é tomado pela chamada bancada religiosa, fundamentalista, e que não
coloca em discussão temas bem mais amenos do que este?
O país precisa
manter-se laico para poder abordar temas que, afinal, interessam a todos nós.