domingo, 13 de setembro de 2020

Armadilha

A crônica de Sérgio Augusto para O Estado de S.Paulo (12 set 2020),  “Ditos, não ditos e mal ditos”, informa que:

 

“Circulou dia desses nas redes sociais uma profecia de Leonel Brizola, para mim até então desconhecida: “Se os evangélicos entrarem na política, o Brasil irá para o fundo do poço, o país retrocederá vergonhosamente e matarão em nome de Deus”. 

 

E Sérgio Augusto prossegue:

 

“Imagine ler tão apocalíptico vaticínio em meio ao turbilhão de denúncias de corrupção e outras calhordices envolvendo pastores, pastoras, bispos, o prefeito do Rio e políticos da chamada “bancada da Bíblia”, como o que nos engolfou na semana passada. Semana que, aliás, culminou com a obscena e eleitoreira anistia às dívidas de 1 bilhão de reais das igrejas aqui estabelecidas. Nosso Estado é laico, mas o Fisco não.”

 

            Será preciso dizer mais? Até Brizola já sabia!

            Acontece que a bancada evangélica no Congresso Nacional é poderosíssima, e cresce a cada eleição. Bancada eleita pelo povo! (O presidente da república quer um juiz “terrivelmente evangélico” no Supremo Tribunal Federal.)

            Pergunto: Tostines é gostoso por que vende mais ou vende mais...?

            O poder da bancada evangélica é oriundo do povo, mas a opinião do povo vem dos espertos pastores, influenciadores impiedosos, convincentes pela exuberância da palavra calculista, maquiavélica, maliciosa, porque explora a ignorância alheia. Enfim, corruptos.

            Para obter êxito nessa empreitada é preciso manter o povo na ignorância, deixar de investir na Educação e perdoar dívidas fiscais das igrejas.

Está pronta a armadilha! E o Brasil no fundo do poço.


https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,ditos-nao-ditos-e-mal-ditos,70003434169

 

 

 

Zumbis existenciais e o fundamentalismo


Assim tem início a crônica de hoje de Hélio Schwartsman, “Zumbis existenciais”, para a Folha de S. Paulo:

 

“Para o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, a descrença em Deus transforma parte dos jovens brasileiros em zumbis existenciais. Segundo o religioso, a ausência de absolutos e de certezas faz com que vivam uma vida sem propósito nem motivações.”

 

Schwartsman replica:

 

“Será? Em “This Life” (esta vida), um dos melhores livros que li na pandemia, o filósofo Martin Hägglund (Yale) defende o avesso da posição do ministro. Para Hägglund, são as incertezas e a precariedade da vida que lhe dão valor. Se pessoas e coisas fossem eternas, aí sim é que não encontraríamos a motivação para nos ocupar delas ou nos importar com seu futuro. A própria ideia de futuro depende da possibilidade de corrupção. A eternidade seria um presente sem fim.”

 

Se nosso invisível ministro se preocupasse mais com a Educação, oferecendo aos jovens a oportunidade de aprender a pensar – o verdadeiro sentido da palavra EDUCAR –, talvez o dilema “crer ou não crer” pudesse ser analisado por cada um de nós com liberdade, ao longo de nossa existência, independentemente da conclusão a que chegássemos, se é que chegaríamos a alguma conclusão.

Ao contrário, o ministro sabe apenas pregar a verdade baseada na crença pessoal dele. O fundamentalismo não educa, apenas induz ao não-pensar.

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2020/09/zumbis-existenciais.shtml

 

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/09/sem-fe-jovens-do-brasil-sao-zumbis-existenciais-diz-ministro-da-educacao.shtml