Estudar piano, segundo pesquisa recente, pode ajudar a criança a desenvolver mais rápido algumas das suas capacidades. O artigo é de Alejandra S. Mateos, para El País (14 out 2018).
A pesquisa, realizada Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e da Beijin Normal University, da China, descobriu que “quando as crianças começam a tocar piano desde pequenas, melhora a maneira como processam o som. Algo que não está só relacionado à música, mas também à capacidade de entender a linguagem.”
74 crianças, falantes de mandarim, entre 4 e 5 anos, foram divididas em três grupos: 1) estudantes da educação tradicional; 2) ensino de leitura; e 3) aqueles que tinham uma aula de piano de 45 minutos por semana.
“As crianças que tocavam piano tinham maior capacidade de compreensão e distinção da linguagem falada que os dos outros dois grupos, que tinham mais problemas para entender as palavras com variações sutis de consoantes que soam de forma similar, como T e D.
O que a pesquisa demonstra é que as aulas de piano ajudam a melhorar o processamento neuronal do tom.”
Outro trabalho, publicado na Nature Reviews Neuroscience, explica “o profundo impacto que a música tem em nossas capacidades para aprender uma língua, melhorar a concentração, a memória e as emoções. Pesquisa da Universidade de Toronto demonstrou que por mais que a inteligência dependa dos genes em 50%, as aulas de música representavam um aumento em várias métricas de inteligência das crianças que as praticavam em relação às demais.”
Aulas de piano também aumentam o quociente intelectual de forma semelhante à leitura porque “ao tocar um instrumento, muitas áreas cerebrais são acionadas”, esclarece Ferrero: “Os pianistas necessitam se concentrar em sua respiração, nos diferentes tipos de notas, na harmonia, nos intervalos, no ritmo. Além de ler e decifrar a melodia, de forma imediata a transformam em sons ao tocar as teclas, que são 88, com as duas mãos”.
Tocar piano envolve quase todas as áreas do cérebro simultaneamente, especialmente o córtex auditivo, o motor e o sensitivo: “Os músicos desenvolvem em especial o cerebelo, relacionado aos movimentos musculares e ao corpo caloso, que conecta os dois hemisférios para coordenar os movimentos de ambas as mãos ao mesmo tempo, ligando o criativo do hemisfério direito com o matemático do esquerdo”. Também desenvolvem quase por igual a cissura central dos dois lados, que se crê seja responsável por estabelecer a dominância da mão hábil em toda pessoa. Ou seja, de certa maneira tornam-se ambidestros.”
O artigo traz uma conclusão interessante: “Porém isso não implica que o piano torne mais inteligentes quem o pratica, afirma o especialista, que considera que talvez seja o contrário: as pessoas mais inteligentes é que se sentem mais atraídas a praticar o instrumento.”