Fotografia
A pequena ponte de pedra, no primeiro plano da fotografia, une as duas partes do povoado separadas pelo riacho. Ou se trata de pequena vila ou bairro de uma cidade maior? De onde vem água tão limpa e transparente? Ao fundo, tem-se a impressão que há um grande paredão, parcialmente recoberto por exuberante vegetação, por onde penetram raios de sol. O riacho parece contornar o paredão, serpenteia. Imagino que as casas tenham sido construídas em estreita faixa de terra entre o paredão e a água. Que água é essa? Um grande lago? Braço de mar? O rio do qual o riacho é afluente? À esquerda, a construção de três andares, parcialmente recoberta pela era, exibe o amarelo das cidades italianas; a ponte se abre em passagem por dentro desse edifício, verdadeira calçada coberta a margear a água. À direita a construção é de pedra, bem antiga; o pequeno lampião, à noite, ilumina a passagem; mais recentemente, o proprietário acrescentou um puxadinho, revestido de cimento, que chama a atenção pelo vermelho da porta rente à ponte; os pintores adoram acrescentar à paisagem o detalhe em vermelho que dá vida ao quadro – o Quarto do artista em Arles, de van Gogh, é exemplo clássico; aplica-se aqui, portanto, a expressão “parece uma pintura”!
Depois de muito observar esta paisagem bateu-me profunda tranquilidade. A curiosidade inicial – onde fica este lugar? – foi substituída pela fantasia: gostaria de morar ali para poder transitar por aquela ponte e, de costas para o paredão, ver onde deságua o riacho. Se encontrasse no caminho, por sobre a ponte, um conhecido, haveríamos de conversar um pouco, falar do tempo, das coisas banais do cotidiano, nada além disso, e cada qual tomaria seu rumo. Caso encontrasse uma linda mulher, a convidaria para uma taça de tinto na adega mais próxima. Divagações.