Este blog já postou fotografia de
estátuas cobertas por tapumes de madeira, durante a recente visita do
presidente do Irã, Hassan Rowhani à Itália. http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2016/01/a-arte-ignorada.html
O Louco volta ao assunto, motivado pela importância de temas como o respeito às
diferentes culturas, a preservação dos valores de cada povo, enfim, a tolerância
às diferenças.
Este mesmo presidente em seguida
visitou a França, e confraternizações à mesa, os chamados banquetes, foram
cancelados, porque os franceses recusaram-se a atender o pedido dos iranianos,
de que não houvesse bebidas alcoólicas durante as refeições. Sem vinho não há
refeição, devem ter dito os orgulhosos autóctones. Lá, o vinho é servido até
mesmo para pacientes internados em hospitais.
O premiê italiano Matteo Renzi recebeu uma
enxurrada de críticas, tanto da esquerda quanto da direita, e conseguiu
desagradar a todos aqueles ligados ao mundo das artes.
Com quem está a razão?
Quando recebemos uma visita, nos
esforçamos para agradá-la. Se ela não come carne de porco, não vamos servir uma
leitoa assada pururuca. É preciso respeitar a cultura do visitante.
Entretanto, penso que o mesmo deve
valer para os hóspedes! Mesmo que não aprovem determinadas condutas ou hábitos,
os visitantes devem tolerá-los, como sinal de respeito à cultura alheia.
Ao cobrir os mármores, o governo
italiano deu mostras de subserviência, arranhou a democracia, abriu mão de
alguns de seus valores mais venerados, como a arte.
Há uma clara explicação para isso: acordos
comerciais firmados entre Itália e Irã podem chegar a € 17 bilhões (R$ 75,4
bilhões). Cifras maiores são esperadas nos acordos com a França.
Explicações nem sempre se justificam. As
concessões são feitas em troca de negócios. Até aí, tudo bem, para quem não é
fundamentalista... Porém, penso que deve haver limites para tais concessões,
para que não se chegue à negação da própria cultura.