Gosto do Marcelo Rubens Paiva,
ótimo cronista, escritor de renome, mas dessa vez ele pisou na bola. Em crônica
intitulada “Pelo fim da lei de impedimento”, no Estadão de 22/7, ele
não deixou por menos: “A regra do impedimento é das coisas mais idiotas já
criadas pelo homem. Não “desinventamos” a lei do impedimento, inventamos o
tira-teima, colocamos câmeras na linha da intermediária e comunicadores entre
juízes e assistentes. Se o objetivo do esporte é o gol, o impedimento o impede.”
Caro Marcelo, de fato o objetivo é o gol, mas não a
qualquer preço. Caso contrário, por que não validar o gol de mão, mesmo que
seja a mão de Deus?
A lei do impedimento é das coisas mais interessantes do
futebol. (Pena que as mulheres tenham tanta dificuldade para compreendê-la...) Sem
ela, o jogo perderia a graça. Pena que muitos de nossos atacantes não sejam espertos
o suficiente para se postarem em posição legal, para poderem aproveitar os
lançamentos feitos de trás. É quando então o bandeirinha entra em ação... (Quem
não se lembra dos lançamentos feitos por Gerson, no Botafogo e na Copa de 50?
Verdadeiras obras de arte!)
Com o impedimento, as linhas de defesa e ataque precisam permanecer
atentas, num movimento constante e dinâmico – como as marés, fluxo e refluxo
das águas do mar –, quando então deverão prevalecer a equipe mais bem treinada
e o jogador mais inteligente. Se a defesa forma uma linha estática, lenta,
desatenta, isso permite a entrada do atacante com real possibilidade de gol.
Por isso é chamada de “linha burra”.
Marcelo prossegue em sua fúria contra a dita lei: “A
regra do impedimento é tão estúpida que, se a bola veio da cobrança de um
lateral, ela deixa de valer. Por quê? Quais privilégios obtiveram um lançamento
com as mãos das linhas laterais do campo?”
Marcelinho, deixa o titio explicar pra você: se existisse
impedimento ao se bater um lateral, os adversários avançariam todos, colocando
os atacantes automaticamente em impedimento, o que impediria a continuidade do
jogo!
A lei do impedimento vem sendo aperfeiçoada, como vem
ocorrendo com as regras de tantos outros esportes. Mas não pode ser extinta,
sob pena de transformar o futebol em mera pelada: todos na banheira...