quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Sebastião Salgado na Academia de Belas-Artes da França



Sebastião Salgado. Foto: Gabriela Biló/Estadão
   

O fotógrafo Sebastião Salgado tornou-se nesta quarta-feira, (6 dez 2017) membro da Academia de Belas-Artes da França, distinção inédita para um brasileiro. A cerimônia foi realizada no Institut de France; outro fotógrafo, o francês Yann Arthus-Bertrand, pronunciou o discurso em homenagem a Salgado. “A Academia de Belas-Artes é o equivalente para a arte do que a Academia Francesa é para a literatura”, informa o correspondente Andrei Netto diretamente de Paris.




Voltando à escrita

Tema de preferência deste blog, a escrita (em particular a escrita terapêutica), é motivo de crônica de Sérgio Rodrigues hoje, para a Folha. Ele cita alguns guias práticos que podem ajudar, com a ressalva de que “nada podem fazer contra a alfabetização precária.”  
E destaca o papel da leitura:

“E saber ler tampouco basta. Quem não deixar o terreno da potência para ler de fato, e muito, também não conseguirá passar de um nível básico de escrita.
... Meses atrás, quando falei aqui do livro de Zinsser, um leitor deixou o seguinte comentário: "É de uma pretensão sem tamanho, a vaidade elevada ao maior grau, o sujeito se meter a querer ensinar os outros a escrever".

Muita gente pensa que a escrita não pode ser ensinada, que saber escrever é uma questão de talento, quem tem tem, quem não tem jamais terá. De fato, talento literário é coisa rara mesmo. Também não se trata de correção gramatical e ortográfica, “aspecto que será cada vez mais delegado à inteligência artificial”, segundo Rodrigues.
Sérgio Rodrigues vai ao ponto central dessa discussão:

“Estamos falando de pensamento. Escrever com clareza e precisão, sem matar o leitor de confusão ou tédio, é uma riqueza que deve ser distribuída de forma igualitária por qualquer sociedade que se pretenda civilizada e justa.”  (O negrito é meu.)

            Eis a questão: aprender a pensar! Se o sujeito sabe pensar, é bem provável que ele escreva razoavelmente bem, ao menos com clareza. O que tenho dito e repetido é que a escrita ajuda no aprendizado do pensar, ao ordenar ideias, dando sentido à narrativa, quer se trate de um ensaio ou de ficção. Nesse caso, os exercícios de pensar e de escrever se confundem, se superpõem, se complementam. É, como tudo na vida, uma questão de educação.
            Escrita, qualquer que seja, exige edição. O texto precisa ser lido e relido várias vezes, escoimado do supérfluo, das deselegâncias, das obscuridades, e isso dá trabalho. Se aquele que escreve não deseja editar seu próprio texto, melhor nem escrever. Pedir a outrem que o faça também não me parece adequado. (Uma revisão final, acompanhada de algum juízo de valor, esta sim, pode e deve ser praticada.)
            Afinal, reler o próprio texto significa aprofundar o pensamento sobre ele mesmo. Sempre vale a pena.
            Vamos escrever!