A Suécia aprovou em 1999 lei que
criminaliza a prostituição, com a diferença de que agora a repressão combate os
clientes e não mais as mulheres da vida. Noruega, Islândia e Canadá adotaram medidas
semelhantes, e a França está prestes a seguir o mesmo caminho.
A decisão, naturalmente, tem o apoio
integral de certos grupos feministas e religiosos.
É
bastante atraente a ideia defendida pelo chamado “feminismo abolicionista”, de
que ninguém se prostitui por vontade própria. A mulher seria levada àquela vida
por total falta de alternativa. Seria?
Não há
unanimidade quanto a esta posição. A Anistia Internacional votou resolução pedindo
a descriminalização da prostituição. Grupos de prostitutas têm se manifestado
contra essa interferência do Estado em suas atividades.
Banir a
prostituição parece tarefa fadada ao fracasso. Há uma série de outras
profissões degradantes que também mereceriam o mesmo destino. Por que então se
mira com tanta ênfase na escolha das putas? E se a escolha não for inevitável?
E se a escolha for consciente e livre?
Confesso
que ainda não tenho opinião formada sobre o assunto. Concordo que punir as
mulheres, o que vem sendo feito há milênios, não pode mais ser aceito pela
sociedade moderna. Porém, impedir que “exerçam” (palavra utilizada por Jorge
Amado, em abundância, ao longo de toda sua obra), punindo os fregueses, atinge
diretamente a atividade das madames.
Continuemos
a pensar sobre o assunto.
Referência: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2016/05/1768935-alianca-improvavel.shtml