O assunto do momento é corrupção, tanto na politicagem
nacional quanto na acepção mais ampla do termo, ou seja, uma manifestação
disseminada pela espécie humana. Daí a oportuníssima crônica de ontem (22/10)
de Hélio Schwartsman para a Folha de S. Paulo intitulada Profissão corrupto.
Ele cita artigo publicado na "Nature
Neuroscience", que associa experimento psicológico com técnicas de imagem,
onde a cobaia deveria fazer uma estimativa sobre a quantidade de dinheiro
contida num jarro.
Segundo Schwartsman, “os pesquisadores
constataram que a desonestidade aumentava com a repetição dos exercícios, o que
é compatível com a famosa teoria das janelas quebradas, segundo a qual pequenas
transgressões degeneram em crimes mais graves. Igualmente interessante, isso só
ocorria quando o participante se beneficiava pessoalmente do ato de
desonestidade. Quando ele "roubava" para outros, a escalada não
acontecia.”
Em alguns indivíduos o
experimento foi acompanhado com a obtenção de imagens de ressonância magnética
funcional; observou-se que “a amígdala, uma estrutura do cérebro ligada a
emoções negativas, incluindo a repulsa moral, estava envolvida no processo. Ao
que parece, ela reage com menos intensidade a cada repetição do ato desonesto.
Literalmente, o corrupto vai se acostumando com essa condição, até que já não a
sinta mais como algo condenável.”
Ao chegar a este ponto,
digamos, de “saturação” quanto à prática da corrupção, então Schwartsman utiliza-se
de uma expressão irretocável: “E aí,
liberou geral.”
Chega a ser com
incredulidade que ouvimos as notícias do volume de dinheiro roubado por um
único sujeito no assalto à Petrobras. Agora fica fácil de compreender: é que ele
liberou geral...
Podemos concluir então
que a profilaxia da corrupção é a tolerância zero para quaisquer tipos de
delitos, o que certamente tem início em nossa infância, tanto em casa quanto na
escola. Mais uma vez, a Educação parece ser a solução.