Em 31 de dezembro de 2017, Otavio Frias Filho publicou interessante artigo na Folha, sob o título Mártires do estilo. Este blog volta ao assunto, também como homenagem ao grande jornalista e intelectual.
Diz Otavio: “Vivemos numa época em que se escreve mais do que nunca. Quem, incluindo o autor destas linhas, não gostaria de melhorar sua capacidade de expressão escrita? No entanto, se as regras gramaticais estabelecem de modo inequívoco como escrever direito, não existem regras que assegurem como escrever bem.”
Em seguida ele cita três manuais para bem escrever: Tirando de Letra: Orientações Simples e Práticas Para Escrever Bem (Companhia das Letras), do casal Chico e Wilma Moura; Como Escrever Bem - o Clássico Manual Americano da Escrita Jornalística e de Não Ficção (Três Estrelas), de William Zinsser; e o terceiro livro é Guia de Escrita - Como Conceber um Texto com Clareza, Precisão e Elegância (Contexto), de Steven Pinker.
Enfatiza Otavio: “Todos os esforços em favor da simplicidade despojada são bem-vindos num país como o nosso, onde ainda se cultiva uma escrita ornamental, feita mais para iludir do que expor e esclarecer. Não se trata apenas da prolixidade afetada própria do Judiciário ou da verborragia evasiva no ambiente parlamentar.
Bulas, manuais de uso, documentos oficiais, instruções ao consumidor etc. são redigidos de maneira nebulosa, eufemística, quando não abstrusa, no hábito deliberado de evitar compromissos e eludir responsabilidades. Comunidades inteiras (urbanistas, pedagogos e psicólogos, por exemplo) tendem a escrever num dialeto infestado de ideias vagas e substantivos abstratos que traduzem pouco sentido objetivo.”
Simplicidade despojada, eis o que recomenda o grande jornalista, falecido recentemente. (Frias Filho esqueceu-se de acrescentar os psicanalistas, em particular os chamados lacanianos, no rol dos prolixos.)
A partir deste conselho, o da simplicidade, digo que qualquer pessoa medianamente educada pode escrever; isso, no entanto, não acontece. Escrever tornou-se um tabu, as pessoas têm pavor de escrever, uma carta que seja. Dizem, Não sei escrever. Perdem a oportunidade de praticar algo muito simples, que chamo de terapêutico.
Aqui vai minha dica para os que não têm o hábito de escrever constantemente: escreva hoje uma carta a um amigo, parente, pessoa a quem você estima. Vamos torcer para que ele responda...