Comemoramos hoje em Brasília – e a palavra está correta, trata-se mesmo de uma comemoração– 22 anos da implantação da faixa de pedestre. É quase uma festa: há manifestações nos jornais, em rádios, televisão, o Detran faz campanha por toda a cidade enfatizando a necessidade de aprimorarmos o processo, pois ainda hoje há quem não respeite a faixa, com graves consequências.
Antes disso, o trânsito na cidade era descrito por muitos como selvagem, tal o número de mortos e feridos causados pela imprudência dos motoristas que dirigiam em altíssima velocidade, aproveitando-se das largas avenidas do Plano Piloto.
Parece que a ideia de respeitar o pedestre veio do coronel da Polícia Militar Renato Fernandes de Azevedo, falecido em 2012, de um câncer no pulmão. Ele trouxe da Europa a sugestão da faixa.
As autoridades de trânsito dizem que não foi fácil a implantação do novo comportamento. Não é esta a minha opinião, mas posso estar enganado; pelo menos onde eu morava, e nas proximidades, pude presenciar que a adoção da nova atitude foi muito rápida por parte dos moradores. E mais, todos éramos orgulhosos pelo simples fato de pararmos para dar passagem a quem andava a pé.
Hoje cedo ouvi numa rádio de grande penetração o resultado de uma enquete aplicada à população: 79% das pessoas são orgulhosas pelo fato de que em Brasília o pedestre é respeitado ao atravessar a faixa.
Parece pouco, mas é um pequeno passo em direção ao chamado processo civilizatório de uma população.