segunda-feira, 23 de março de 2015

A música do dia!


À Azadeh

            Uma amiga, leitora assídua do Louco, perguntou-me, O blog tem a foto do dia, a charge do dia, haicais e microcontos do dia, por que não tem a música do dia?
            Como se o blogueiro não gostasse de música.
            Inaugura-se pois, nesta postagem, a Música do dia. Que responsabilidade, pensou o blogueiro, escolher uma peça que, se não a melhor, reputada entre as melhores. (Penso que isso de “o melhor”, ou “os 10 melhores”, ou ainda “os 1.000 melhores” é rematada asneira, pura jogada de marketing.) Entre as melhores, está de bom tamanho.
            E a escolha recai sobre o Quarteto em lá menor, Op. 132, de Beethoven. Tenho ouvido esta música nos últimos 40 anos, inicialmente por influência materna, que dizia não gostar do quartetos de Beethoven; ouço-o sempre com renovado espanto!
            Ele tem início com um Allegro sostenuto, que serve de introdução à obra, e é seguido pelo Allegro. O segundo movimento é um Allegro ma non tanto, e o terceiro, um Molto adágio, que classifico como mágico! Seguem-se uma Alla marcia, assai vivace, quando se tem a nítida impressão de que se está ouvindo uma orquestra inteira; e a peça termina com um Allegro appassionato indescritível.
            Esta peça está séculos à frente de seu tempo!
            Convido o leitor-ouvinte a ganhar 9 minutos de seu dia, ouvindo o primeiro movimento do Quarteto Op. 132, de Beethoven, como Alban Berg Quartett. Dispondo de mais tempo, ouça a peça completa.




Geração mimada


A ótima reportagem de Thais Bilenky na Folha de S. Paulo de ontem (22/3) traz aspectos preocupantes ao retratar a chamada “geração mimada”.
Universidades privadas adotam cada vez mais práticas que antes eram características do ensino colegial. São exemplos desse comportamento as reuniões entre pais e professores depois das primeiras provas, o acompanhamento das notas e da assiduidade pelas famílias no portal da instituição, e até, pasme o leitor!, reclamações dos pais diante de eventual  reprovação do filho em alguma disciplina.
Afirma um diretor de faculdade que, nas entrevistas para obtenção de estágios, os pais acompanham os filhos até a sala de espera, e à vezes querem participar da entrevista. A reportagem revela a opinião de determinada mãe que, além de levar a filha diariamente à faculdade, aproveita a viagem para checar as notas, datas das provas, etc. É ela, a mãe, quem compra os livros e o material escolar para a filha.
Segundo a professora Colello, da Psicologia da USP, os alunos “continuam tratando a universidade como escolinha”. Na opinião de Álvaro Bufarah, professor da FAAP, “hoje, o aluno de graduação tem perfil de ensino médio, e o aluno da pós-graduação se comporta como o da graduação”.
Este modo de agir das universidades privadas parece ter muito de jogada de marketing: elas superprotegem os alunos para ganhar a confiança dos pais, aumentando assim o número das matrículas. Na realidade, o que estão promovendo é a infantilização destes jovens, os chamados “mimados”.
Mas é importante observar que o problema tem início bem mais cedo do que o ingresso na universidade. Este “processo de mimar” começa na primeira infância, quando se inicia a deseducação, quando os pais decidem atender a todo e qualquer desejo dos filhos. Eles se esquecem ou ignoram que a frustração é um eficiente desencadeador de aprendizado do processo de pensar.
E por que o fazem? Pelas mais variadas razões: fazem-no por excesso de amor – amor demais estraga; fazem-no por sentimento de culpa, e culpa, cada um carrega a sua; fazem-no por falta de amor, por incapacidade de amar, supondo que suprir bens materiais – pencas de brinquedos – será capaz de compensar a falta de afeto.
Talvez a tudo isso possamos dar o nome de mimar.
Há 3 meses este blog publicou que a tirania das crianças acarretava a  arrogância dos jovens. (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2014/12/a-tirania-das-criancas.html) O resultado agora é outro, quase que oposto: a infantilização dos jovens universitários e o não desenvolvimento da autonomia no momento adequado. Pobres moços.

astrologia 2


Agora sei, a coluna do Sr. Oscar Quiroga em O Estado de S. Paulo é diária! Ontem, domingo, ele brindou seus leitores com as seguintes pérolas:

“Teus demônios pessoais não são diferentes dos meus nem tampouco dos demônios oficiais que atormentam nossa humanidade desde o início dos tempos, todos funcionam alimentados pela mesma tendência, nossa recusa a enxergar a obra do Divino que unifica todos os reinos e lhes brinda com proteção, inclusive ao reino dos demônios, e vai tentar descansar com um paradoxo desses na alma! Sermos incapazes de enxergar o que nos une, esse é o alimento dos demônios, que engordamos todos os dias através da sustentação de conflitos em vez de procurar conquistar a harmonia disponível. Os ingredientes da harmonia são exatamente os mesmos que os dos conflitos, porém, dosados de tal maneira que, em vez de produzirem discórdia, resultam em manifestações de beleza. A beleza que os demônios detestam.”

            Seguem-se as previsões para os 12 signos do zodíaco.
            Se a coluna é diária é porque há leitores fieis (a palavra é boa...), e que seguem religiosamente os conselhos do Sr. Quiroga.
            Sem mais comentários. Talvez os "demônios oficiais" tenham embotado este blogueiro...