Mulher de cerca de 35 anos, da nobreza
celta, foi sepultada em uma câmara mortuária de luxo há 2.600 anos, às margens
do Rio Danúbio, ao sul da atual Alemanha. A reportagem é de Fábio de Castro,
para O Estado de S.Paulo (6/2/17).
A tumba foi desenterrada em 2010, com a
remoção de um bloco de terra completo, e estudada minuciosamente em
laboratório. Joias, adornos de ouro, bronze, âmbar e jais (uma gema de carbono
fóssil), finamente trabalhados, foram encontrados junto ao corpo.
“Algumas das peças indicam que havia
artesãos trabalhando nas primeiras cidades celtas, ao norte dos Alpes, que
aprenderam seu ofício ao sul dos Alpes”, informou o coordenador das escavações,
Dirk Krausse.
“De acordo com estudos anteriores, os
povos que falavam línguas célticas habitavam partes da Europa há pelo menos 3,3
mil anos. Eles começaram a produzir ferro na Europa Central há cerca de 2,7 mil
anos e fundaram a chamada “cultura Hallstatt”. Segundo os autores, o túmulo da
nobre celta é a mais antiga evidência de que o povo Hallstatt fazia enterros
elaborados dos membros de sua elite.”
A prancha de madeira que recobria a
câmara mortuária permitiu que os cientistas pudessem contar os anéis de
crescimento das árvores que a formaram. Descobriram então que a tumba foi
fabricada no ano de 583 a.C., com precisão maior do que seria possível com o
método de datação convencional por carbono 14.
Afirmam os antropólogos que o sepultamento, na pré-história, foi a primeira manifestação do ato humano, ou sinal de humanização.