Acaba de sair
Oswald de Andrade – Poesias Reunidas,
pela Companhia das Letras (2017), com prefácio de Paulo Prado, que aqui
destaco:
“A Poesia “Pau Brasil” é o ovo de Colombo – esse ovo, como
dizia um inventor meu amigo, em que ninguém acreditava e acabou enriquecendo o
genovês. Oswald de Andrade, numa viagem a Paris, do alto de um atelier da Place
Clichy – umbigo do mundo – descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta
à pátria confirmou, no encantamento das descobertas manuelinas, a revelação
surpreendente de que o Brasil existia. Esse fato, de que alguns já desconfiavam,
abriu seus olhos à visão radiosa de um mundo novo, inexplorado e misterioso.
Estava criada a poesia “Pau Brasil”.
Maio,
1924.
Faz parte do volume o Primeiro caderno do alumno de poesia Oswald
de Andrade, há um pequeno poema encantador, intitulado As quatro gares:
infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na
casa que a gente sentava no sofá
adolescência
Aquele amor
Nem me fale
maturidade
O Sr. e a
Sra. Amadeu
Participam a
v. Excia.
O feliz
nascimento
De sua filha
Gilberta
velhice
O netinho
jogou os óculos
Na latrina
Do mesmo livro, meus oito anos:
Oh que
saudades que eu tenho
Da aurora da
minha vida
Das horas
De minha
infância
Que os anos
não trazem mais
Naquele
quintal de terra
Da Rua de
Santo Antônio
Debaixo da
bananeira
Sem nenhum
laranjais
Eu tinha
doces visões
Da cocaína
da infância
Nos banhos
de astro-rei
Do quintal
de minha ânsia
A cidade
progredia
Em roda de
minha casa
Que os anos
não trazem mais
Debaixo da
bananeira
Sem nenhum
laranjais
O livro foi publicado pela primeira vez em 1945, porém
sua atualidade é impressionante.
Em tempo, a capa é muito bonita, mas o livro podia ter vindo com capa dura.
Em tempo, a capa é muito bonita, mas o livro podia ter vindo com capa dura.