Daniel Alves, lateral-direito do
Barcelona, foi vítima de ato racista quando um torcedor jogou-lhe uma banana no
momento em que o brasileiro se preparava para cobrar um escanteio. Porém, ele
não se fez de vítima e sua reação, até certo ponto surpreendente – comeu a
banana! – virou febre na Internet.
O assunto esquentou
ainda mais quando Neymar, seu companheiro de time, apoiado por certa agência de
publicidade, lançou a hashtag
#somostodosmacacos. Os famosos apressaram-se em aparecer (o que é praticamente
um pleonasmo) com a fruta na mão, agora também famosa. (Lembro-me do Guga
comendo a sua banana durante os jogos de tênis em Wimbledon e o único
comentário que se ouvia era o de que a fruta é rica em potássio. Até hoje ele é
imitado por alguns tenistas.)
Estes dois
fatos – a banana comida em campo e o #somostodosmacacos – prestam o inegável
serviço de trazer o racismo à baila, o que é sempre bom, na expectativa de que
as diferenças raciais sejam cada vez mais compreendidas e aceitas, ao menos
entre os homens de boa vontade... Quanto tempo ainda devemos esperar por estes
dias?
Portanto,
estou de acordo com o movimento desencadeado pelos fatos citados. Mas não posso
concordar com o bordão (tradução mais que livre de hashtag)
somostodosmacacos. Eu não sou macaco! Somos seres humanos,
descendentes de linhagens comuns aos primatas, popularmente chamados de
macacos. Podemos dizer que eles são nossos irmãos, têm consciência,
inteligência e outros atributos comuns aos humanos, incluindo a afetividade – e
que merecem todo o nosso respeito e carinho como tantos outros animais, como este
ser excepcional chamado cão – mas não podemos olvidar da evolução das espécies
(não é mais uma teoria!).
Nós somos humanos.
Diante
deste encadeamento de ideias, proponho que todos os que tuitaram o bordão #somostodosmacacos
– e não foram poucos – pensem também a respeito da origem do homem na Terra.
Não conheço estatísticas nacionais, mas parece certo que 40% dos americanos
creem na teoria criacionista, o que é de causar espanto, para dizer o mínimo.
Suspeito que em nosso país a cifra seja superior, o que não é de causar
espanto.
Não há vantagem alguma em trocar a Evolução das Espécies,
amparada em fatos cientificamente comprovados, por uma teoria sem qualquer
evidência científica. A menos que não se queira pensar sobre o assunto. E que
mal existe em se pensar sobre o assunto?
Vivas a Daniel Alves e ao #somostodosmacacos,
que nos levaram a pensar, o que é fundamental nesta vida.