Até onde chega nosso conhecimento
científico atual, Drauzio
Varella foi definitivo em seu artigo do último sábado (14/11) na Folha de S.
Paulo, Homossexualidade e DNA. Ele
afirma:
“A
homossexualidade tem forte componente genético. Diversos estudos com gêmeos
univitelinos demonstraram que, quando um deles é homossexual, a probabilidade
de o outro também o ser varia de 20% a 50%, ainda que separados quando bebês e
criados por famílias estranhas.”
Até agora, o problema
era que a simples identidade de genes não justificava
a ocorrência da homossexualidade em todos os casos, e a identificação dos chamados
“genes gay” não pôde ser confirmada cientificamente.
Aí é que
entra uma área bem mais recente do conhecimento denominada Epigenética, que não
pode ser ignorada pelo leitor comum, definida com propriedade por Varella:
“Damos
o nome de epigenéticas às alterações químicas do DNA que modificam a atividade
dos genes sem no entanto alterar-lhes a estrutura química. Durante o desenvolvimento,
os cromossomos podem sofrer reações químicas que não afetam propriamente os
genes, mas podem "ativá-los" ou "desligá-los". O exemplo
mais conhecido é a metilação, processo em que um radical metila (CH3) se fixa a
uma região específica do DNA, formando o que chamamos de epimarca.”
Assim, epimarcas que atuam sobre genes
responsáveis pela sensibilidade à testosterona podem conduzir à
homossexualidade, quando transmitidas do pai para a filha ou da mãe para o
filho. Segundo Varella, “ainda no ventre materno, epimarcas que afetam a
resposta às ações da testosterona produzida pelos testículos ou ovários fetais
são capazes de masculinizar o cérebro de meninas ou afeminar o dos meninos,
conduzindo mais tarde à atração homossexual.”
O antigo conceito de que a determinação
do sexo estaria ligada exclusivamente à presença dos cromossomos XX ou XY está
definitivamente ultrapassada. “A homossexualidade é um fenômeno de natureza tão
biológico quanto a heterossexualidade. Esperar que uma pessoa homossexual não
sinta atração por outra do mesmo sexo é pretensão tão descabida quanto
convencer heterossexuais a não desejar o sexo oposto”, afirma o renomado
médico, escritor e articulista.
E Drauzio Varella
termina sua crônica da maneira mais enfática e definitiva possível:
“Os que
assumem o papel de guardiões da família e da palavra de Deus para negar às
mulheres e aos homens homossexuais os direitos mais elementares não são apenas
sádicos, preconceituosos e ditatoriais. São ignorantes.”
Ao que
acrescento: até que novas descobertas cientificamente bem embasadas sejam
divulgadas.