quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Adultério revelado

Amor, não bata numa filha que não é sua.


De autoria de um médico que lê,
Dr. João Nunes.

sinais


sobre a esmoleira
sutis sinais do Natal
três pequenas velas

Foto: A. Vianna, dez 2015.

La bella principessa



O senhor Shaun Greenhalgh (1961) é um conhecido falsificador inglês. Porém, tornou-se protagonista de história – pastiche, novela, dramalhão, pantomima, opereta bufa, enfim, palhaçada – de muito mau gosto, e que está dando o que falar.
Ou a protagonista será a própria La bela principessa?
            Vamos à história. O quadro que recebeu este nome é um retrato de perfil de uma jovem loira, de olhos claros, de propriedade do canadense Peter Silverman. O quadro mede 33 por 23 centímetros e foi vendido em 1998, em Nova York, por US$ 19.000. Foi apresentado num leilão como um retrato do século XIX, de autor desconhecido. O colecionador logo iniciou suas investigações, por suspeitar de que se tratava de uma obra de ninguém menos que Leonardo da Vinci!
La Bella Principessa, anônima para alguns, seria a jovem da nobreza Bianca Sforza (1482-1496), entre 10 e 13 anos de idade, uma das filhas ilegítimas do duque Sforza, retratada pouco antes de seu casamento e que faleceu poucos meses depois.
            Especialistas de renome internacional confirmaram a autoria: o quadro é mesmo de Leonardo e o estilo coincide com os primeiros trabalhos em pastel do artista. Outro, identificou o retrato como “uma folha que faltava de um volume do século XV conhecido como “La Sforziade”, que se encontra na Biblioteca Nacional de Varsóvia e pertenceu ao grande mecenas de Leonardo, o duque de Milão Ludovido Sforza”. E mais, “foi encontrada impressão digital no canto superior esquerdo do quadro “muito similar” à encontrada em um retrato de “San Jerônimo” do pintor renascentista e que se encontra no Vaticano.” Turner afirma que “é impossível imitar a pincelada de um canhoto como Leonardo e não há como justificar que a tela tem como suporte uma madeira de carvalho do século XVII”.
            Bem, nessa altura desses acontecimentos extraordinários é que entra em cena o inglês Shaun Greenhalgh, o falsário. Ele afirma que pintou La Bella Principessa há 35 anos, no pequeno estúdio de seu jardim ao norte da Inglaterra! Pronto, foi o bastante para botar-se lenha na fogueira!
            Falsificadores apresentarem quadros de renomados artistas como autênticos, esta é a regra. Até que sejam desmascarados. (Alguns nunca o serão, até mesmo em se tratando de um Rembrandt.)
            Já os ditos falsários afirmarem a autoria de um quadro de da Vinci, por exemplo, isso é uma outra história. Tem mais coisa aí!

Referência:

Eliane Brum: aula de política e cidadania


Protesto de estudantes em S.Paulo na última sexta-feira


Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, escreve no El País:

“Enquanto o Brasil vive o rebaixamento do exercício político, os estudantes paulistas mostraram que é possível estar com o outro no espaço público.”

“De onde veio a boa notícia no rio de lama e de obscenidades que se transformou o país, no concreto e no simbólico? Dos meninos e meninas das escolas públicas. Educaram o governador, educaram a sociedade. E fizeram o que parecia impossível no atual momento do Brasil: resgataram a política.”




Foto: Miguel Schincariol / AFP

Ainda sobre a leitura

Este blog, recentemente (13/11), postou uma certa provocação, sob o título O médico que lê é um médico melhor? O seguinte parágrafo resume as ideias do Louco:

Uma boa Educação, no sentido mais amplo da palavra, desde a infância, passando pela adolescência, haverá de propiciar ao jovem que chega à universidade melhores condições para a aquisição de conhecimentos profissionais, seja lá em que área for. O contato com as Artes em geral, e em particular com a Literatura, faz parte desta formação, tão importante para aquele que deseja ser um bom médico.

            Voltamos ao tema, agora expandindo-o a outros ramos da atividade humana, ou até mesmo a TODOS os ramos da atividade humana. O engenheiro que lê... O advogado que lê... O torneiro mecânico que lê... O deputado que lê... A lista pode não ter fim, e a resposta será sempre a mesma. Sim, a leitura faz uma pessoa melhor!
            Até que me deparo com a brilhante crônica de hoje na Folha de S. Paulo (9/12), O dilmês em seu apogeu, de Ruy Castro. (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2015/12/1716536-o-dilmes-em-seu-apogeu.shtml)

O articulista inicia citando Getúlio Vargas, que “começava seus discursos com um longo, lento e sofrido "Trabalhadooooores do Brasil..."; passa por Jânio Quadros e seu famoso "Fi-lo porque qui-lo"; afirma que Lula “habituou-se a mentir, desmentir-se, dizer e desdizer-se”; e conclui que, “à sua maneira, todos davam o recado.” Quanto à presidente atual, Ruy diz que “Dilma Rousseff, diante do menor improviso, acerta caneladas em palavras, períodos e significados.”
            Ruy Castro continua:

“Aposto que, nos anos 60, quando deveria estar lendo "A Moreninha", "A Mão e a Luva" ou "O Guarani", clássicos românticos da literatura e então modelos de como falar e escrever, a menina Dilma estava mergulhada nos manuais de Althusser, Plekhanov e Lukàcs, ásperos vade-mécuns do marxismo, traduzidos do espanhol. Isso pode ter forjado o seu jeitão de caminhar, abrindo caminho com os ombros, e principalmente sua crespidão mental.
Muita gente pensa bem, mas se exprime mal. Dilma congrega o pior dos dois mundos.”

            Mais claro e preciso, impossível! Resta ao blogueiro acrescentar ao rol das perguntas desafiadoras, mais esta:

Um presidente da república que lê é um presidente melhor?