Muitos dirão
que isso é bobagem, atraso de vida, perda de tempo, pobreza de espírito, mediocridade, ou
coisas piores, mas afirmo que torcer por um time de futebol desde criança é tão
importante – como diria Saint-Exupéry – quanto edificar catedrais. E justifico:
futebol é coisa séria.
Nem preciso alegar a vultosa
movimentação financeira em todo o mundo em torno deste esporte. Deixo o
argumento para os capitalistas. (E para corruptos e corruptores, em época de
Copa do Mundo.)
Já a importante fonte de emprego não
só para jogadores, mas para tantos agregados e afins, essa não pode ser
desprezada.
Desejo ater-me, no entanto, à
importância do futebol para os meninos (no meu tempo, numa disputa mais ríspida
pela bola, e se o adversário choramingasse, dizíamos Futebol é jogo para homem!). Hoje, as meninas também jogam!
A prática do esporte em si é saudável e desperta
nas crianças o sentido da competitividade sadia e o respeito pelo adversário, e
não pelo inimigo: há sempre confraternização ao final das peladas. O jogo,
desde cedo, ensina o sabor da vitória e o travo amargo da derrota. Mas sem
ressentimentos.
Na infância, o futebol ensina o
significado da paixão e como conviver de maneira equilibrada com este
sentimento tão excessivo. Os que não aprenderam, depois de adultos, fazem parte
das chamadas torcidas organizadas, violentas, criminosas mesmo, que não sabem
perder e só reconhecem o adversário como inimigo. Aqueles que aprenderam, continuam
torcendo por seus clubes com a paixão comedida, sã, leve, sem dúvida um
resquício infantil dos mais prazerosos.
O
futebol ensina que é permitido sentir prazer nas coisas simples da vida, uma jogada de mestre, um belo gol, quando nosso time vence, ou
torna-se campeão.
É no futebol que o menino aprende o
significado da palavra ídolo, e com a ingenuidade infantil, cultiva-o
com ardor. A ideia materializa-se com perfeição quando, ao colecionar
figurinhas de jogadores, o menino passa a dar extremo valor àquelas mais difíceis
de adquirir, as carimbadas...
Alguém já disse: arranhe a pele do
homem e surgirá a criança. Por que apagar todos esses sentimentos e impressões
da infância, tão queridos, na idade adulta? Por que não cultivá-los, agora de
maneira moderada, adulta, torcendo, ainda com paixão, por seu clube favorito
nas tardes de domingo?
Desejo apenas a todos nós,
palmeirenses, menos sofrimento em 2015: que a disputa seja pelo título, e não
contra o rebaixamento.